30 de janeiro de 2008

A vida apresenta sua face de diversas maneiras e cada indivídou experimenta uma sensação, isso nos torna tão diferentes mas na nossa verdadeira natureza somos tão iguais. Dores, medos, alegrias e insegurança quem nunca experimentou de tantos sentimentos? Quantas vezes a esperança já não bateu e foi embora? Quem nunca se sentiu humano?
Hoje acordei meio assim, triste? Não sei se posso chamar de tristeza ou de uma inquietude de pensamentos que buscam em algum lugar alguma resposta. E se avida for mesmo assim? E se todos resolverem aceitar tudo isso? Não vejo sentido em muitas coisas, mas no que os outros não acham sentido? Será que estou realmente certa ou também alienada?
Nunca antes o mundo se mostrou desse jeito, mas pensando bem acho que nunca quis enxergá-lo realmente. Todas as máscaras cairam pude ver a base de toda essa engrenagem.
Aonde estará agora aquela fúria, aquela vontade de fazer parte desse mundo? Será que esbarrou no medo? Esse medo que me foi mostrado tão friamente, esse mesmo medo que me torna tão igual a tudo e todos. Não estou dizendo que desisto, apenas encontrei uma barreira maior que qualquer constatação, meus sentimentos.

19 de janeiro de 2008

Como me sinto pequena diante da vida, a vida que se apresenta de várias formas diante de mim. Essa vida que confude, que muitas vezes machuca, mas sem dúvida vale muito vale a pena.
Só não entendo porque tantas vezes e tantas pessoas, inclusive eu, fingem não sentir o que se passa ao redor. Não é possível que a sensibilidade tenha se tornado escassa. Me pergunto, se Deus nos concedeu tanta terra para plantar, tanta água e matéria-prima, porque tanta gente não tem o que comer? O que fizemos de errado?
O mais triste é que conheço a resposta.........................
Cada ser humano é único, mas muitas vezes fazemos disso um desculpa para vivermos apenas nossos problemas, apenas nossos pensamentos e angústias. Um dia desses percebi que, é no ônibus o melhor lugar para a reflexão. È exatamente nesse momento, quando o caos se instala do outro lado dos vidros e portas do coletivo que vemos cada um na sua forma mais verdadeira: o pensamento. Mesmo eu, quantas vezes não me perdi e tudo ao redor simplesmente não existia.
Mas ao retornar do mundo, muitas vezes lúdico, da minha mente voltam também as cenas que caracterizam a rotina de todo cidadão da metrópole. O olhar e futuro sem rumo e sem esperança de todos aqueles que estão à margem, não só da sociedade, pois acredito que esta exclui muitos outros, mas à margem da vida. Como compreender a miséria estampada no futuro? Como aceitar a vida como ela é? Me recuso a tudo isso, assumo o papel e com ele a responsabilidade de ser a "chata" da vez, não quero viver apenas a minha vida, como posso se existem tantas outras? Não tão belas, tão pouco glamurosas, mas nem por isso insignificantes e ainda ouso dizer, mais insignificante é essa vida que insistimos viver.

15 de janeiro de 2008

Mais uma manhã!

Com o passar apressado e frio pelas ruas do centro da cidade, muitas pessoas não percebem como a vida acontece. Em meio a muitas pessoas, lojas, edifícios, propagandas e todo o restante que a sociedade capitalista nos oferece, uma cena que passa desapercebida por muitas pessoas, teima em chamar minha atenção e inquietar meu coração. Tentando se proteger do frio da manhã clara, mas gelada, um garoto recebe carinho e atenção de seus companheiros, dois cachorros vira-latas. Um deles se deita para servir de travesseiro para o garoto, enquanto o outro se deita ao seu lado, como uma forma de dizer: "estou aqui." Ao mesmo tempo que essa cena me emociona, também me entristece chegamos a um ponto em que não conseguimos, diferentes dos animais, dar carinho e atenção aos nossos próprios irmãos, muito menos aos mais necessitados. O que mais me resta dizer? Algumas cenas falam por si próprias, quero apenas dividir esse sentimento que há muito me pertence.
Um instante para refletirmos.

13 de janeiro de 2008

"Das utopias"

"Se as coisas são inatingíveis... ora!

não é motivo para não quere-las...

Que tristes os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas!"

Mario Quintana

"Falcão", meninos do tráfico

O cantor de rap Mv Bill e o produtor Celso Athayde acompanharam de perto, por seis anos a rotina dos “ falcões”, meninos que passam as madrugadas em claro, servindo como sentinelas, vigiando a “boca” caso a polícia apareça. O documentário retrata a vida de garotos que vivem a realidade de um Brasil que muitos preferem ignorar, são verdadeiras crianças que perdem sua inocência cedo demais e aprendem o verdadeiro significado da palavra abandono. A maioria deles não têm pai, contam apenas com a figura da mãe que muitas vezes não se faz tão presente. Esses meninos encontram no traficante que os contrata, a figura de um pai, alguém que os ensina as regras de sobrevivência onde apenas o mais forte e cruel sobrevive. Muitos, porém, não sobrevivem até o fim do documentário.
Depoimentos, histórias e sonhos dessas crianças emocionam e ao mesmo tempo revoltam. São provas vivas do descaso de um país hipócrita e com valores trocados, que oferece a esses meninos uma rotina violenta a qual eles se acostumam desde criança para desespero de suas mães. Suas experiências de vida nos servem como lição, pois sentem na pele o quanto o dinheiro e o poder falam mais alto em um país que é governado apenas para os mais ricos e poderosos. Teorizam sobre o comportamento dos policiais que se beneficiam com esta situação e por isso não têm interesse de acabar com o tráfico.
O documentário mostra uma vida que não dá audiência é apenas estatística e como a ilusão toma conta dos meninos. Na televisão eles assistem à uma realidade muito diferente das suas, por isso, se encantam com roupas de marca, carros e mulheres deslumbrantes, tudo o que a nossa sociedade prega como valor. Uma bela e corajosa iniciativa, que choca aos telespectadores que ainda não se deram conta das desigualdades e injustiças que regem esse país de todos.

Mães

Há muita coisa que nunca entenderei, como a vida pode ser tão injusta e tão incerta. Um dia desses conversando com uma senhora doente, que perdeu a filha a poucos dias, percebi como as coisas nem sempre estão na ordem certa. Ela que dependia da filha para absolutamente tudo, ficou sozinha, a filha que morreu por insuficiência renal deixou um grande vazio que nunca será preenchido. Além da grande dor que uma mãe sente ao ver sua filha num caixão, também esse sentimento de revolta, de não conformismo acompanhará Dona Julinda pelo resto da vida.
Como assim enterrar um filho? Até onde sei isso é contra a lei da vida, na teoria os pais criam os filhos para o mundo enquanto assistem ao espetáculo de uma nova vida, uma nova família, um novo ser humano se formando. Mas como reagir quando esse processo é bruscamente interrompido pela morte? Acho que agora, começo a entender esse grande amor e essa preocupação incessante que acompanham todas as mães, nesse lindo e sofrido caminho que ela lapida para seus filhos.

7 de janeiro de 2008

Humano

Aonde se encontra a alma humana?
Aonde deixei meus verdadeirtos sentimentos? Meu verdadeiro eu?
Talvez inconscientemente eu procure algum sentido maior para estar vivendo esse momento, pois não sei o que ainda me mantém viva, diante de tantas coisas difíceis de compreender e suportar. As imagens se materializam, cena à cena, na minha mente, mas sem que eu espero, um ruído carregado de inocência e esperança, esperança que deposito em todas as crianças.
Talvez, seja essa a resposta que tanto procuro.

5 de janeiro de 2008

A todas as crianças vitimas do poder


Quantas vezes mais precisarei chorar, sentir tamanha dor? Quantas crianças mais serão mutiladas, enquanto assistem à morte de seus pais? Quantas mais crescerão à merce da maldade e monstruosidade de homens racionais? Quantas cenas mais despedaçarão meu coração?Não entendo esse nosso maldito conformismo que aliado ao egoísmo nos impede de enxergar a vida como ele é. Somos pobres humanos, desgraçados por condicionamento, de pequenos anjos tiramos a inocência, o direito de um abraço tranquilo e noites de paz. Queria não me incluir nesse estado deplorável em que o homem se encontra, mas como faço parte dessa vil e hipócrita raça, também tenho contribuído para esse estado. Que poder destruidor é esse que possui o dinheiro, que transforma homens em vermes que consomem a carne dos mais fracos? Enquanto nos preocupamos com a vida de uma minoria detentora de muito dinheiro e poder, e num ridículo esforço tentamos imitá-la, nossa alma apodrece, perdemos o que há de mais importante na condição humana: a sensibilidade. Nos tornamos apenas máquinas, trabalhamos desesperadamente apenas em prol do mediócre objetivo de acumular dinheiro. Depois de todos esses anos de evolução, é nesse ponto que chegamos? Somos mesmo muito hipócritas, temos a pachorra de auto-denominarmos sociedade civilizada. Uma sociedade que vive de aparências e que por debaixo de tanta maquiagem esconde uma alma vazia.Mas o que mais me machuca, é essa sensação de estar de mãos atadas, e minha insignificância diante de tanto sofrimento me remete novamente à condição de ser humano. Talvez essas palavras nunca expressarão o que sinto, minha indignação ao constatar no que realmente nos transformamos. Sofro muito por escrevê-las, sofro pelos que sentem na pele essa desvairada busca pelo poder, e sendo seres tão frágeis e inofensivos, não conseguem erguer suas vozes, no máximo sussurram pedidos de socorro
. Michele Carvalho.
A cada dia que passa me sinto cada vez mais estranha nesse lugar, ao
andar nas ruas me deparo com cenas que marcam minha vida. Não me sinto
feliz há muito sofrimento, muita injustiça e pior de tudo é que nem
sei o que fazer. Ainda que eu perceba que tenho tudo nessa vida, ela
ainda não é completa, falta uma certeza, a certeza de que nunca mais
milhares serão oprimidos, humilhados e injustiçados. Já vivi muita
coisa, mas nunca vivi por ninguém, nunca fiz ninguém se sentir humano
de novo. Sinto uma grande tristeza, quando vejo que não considero a
maioria
das pessoas seres humanos que vivem uma vida medíocre, e o mais
decepcionante é que essa mediocridade também faz parte da minha vida.
Agora, sentada em frente á essa máquina não me sinto nada, quem sabe
até outra máquina, que age sem sentimentos, apenas programada para
gerar
lucro. Que sentido posso encontrar nessa vida? Que sentido há nesse
sistema que desumaniza?
O que estou fazendo de útil aqui dentro, enquanto a vida acontece lá
fora? Enquanto há crianças ao chão sem esperança no olhar? Quanto
tempo
levarei para chegar onde quero? Por onde começar? Perguntas que não
saem
da minha cabeça, não me deixam em paz.
Não falo em respostas para todos os problemas, talvez isso soaria muito

clichê, mas penso numa felicidade mundial, mas isso também não soa
clichê? Então por que todas essas questões, que ninguém aguenta mais
nem
ouvir, ainda fazem parte do nosso cotidiano?

Consciência

Queria poder escrever sobre as soluções para os problemas que a vida nos traz, pois todos sabemos que viver é correr sempre um risco novo. O que não sabemos, é o que encontraremos ao chegarmos ao fim de tudo isso? E quando será esse fim? Será que ele existe mesmo?
Entre passos e pensamentos, tento descobrir o que torna as pessoas mais ou menos felizes. Tento buscar no brilho do olhar de cada uma delas o segredo para a felicidade: em algumas descubro a amizade, em outras a solidariedade e a preocupação mas sempre o perco no amor. Sempre essa dor, sempre a falta do amor nos deixa tão vulneráveis, tão incompreensíveis, tão calados. Não importa o tipo de amor, pois este se apresenta em várias formas, porém todas são verdadeiras e necessárias. O amor do qual o menino sente falta, ao se encontrar sozinho no meio da noite, do amor que seria a cura para todas as enfermidades que o tempo pode causar, do amor que é capaz de trazer um novo sentido à humanidade.
È sempre no olhar, que descubro todos os sentimentos, através dele sinto a dor das outras pessoas, não com a mesma intensidade, não da mesma forma, mas carrego comigo a lágrima que não rolou, o grito que não ecoou, o coração que se partiu. Só não sei se do outro lado a dor se ameniza, não sei se fica mais fácil viver, pois para mim cada dia é mais difícil. Não falo de respirar, não falo das coisas ou pessoas que não tenho, falo da minha consciência e meu coração, eles que não me deixam em paz, fazem questão de me lembrar a todo o momento a situação deplorável para a qual a humanidade caminha, inclusive eu. Será que há cobrança maior, do que a sua própria consciência?

Violinista toca a alma

Quem nunca parou e se emocionou ao ouvir uma boa música? Pois foi exatamente isso que muitas pessoas fizeram ao passar pelo metrô Clínicas, no último sábado quase véspera de Natal. Em meio a correria do final de ano, não houve ninguém que, por mais pressa que aparentasse estar, ficou indiferente ao som do violino de Rodrigo, 24 anos. Algumas pessoas passaram e timidamente observaram, outras porém se entregaram e revelaram todo o seu gosto pela música, não importa a idade, desde crianças até os mais velhos, todos pararam para observar o rapaz.
Rodrigo saiu do bairro da Saúde para levar sua arte, que parece correr no seu sangue, a todos que se interessam. Neto e filho de músico, o rapaz estuda violino há 3 anos e também toca outros instrumentos como o piano, sua paixão é pela música em geral, mas o jazz é sua grande inspiração. Ele também já tocou em orquestras e outros metrôs, que não são exatamente o centro da cultura paulista, ele diz que lá também as pessoas se interessaram por sua música e confessa que a idéia não é nova “isso já rola na Europa.”
O que mais chama a atenção é que, entre a rotina e correria do dia-a-dia e a sensação de ouvir uma boa música, muitos decidiram ficar e assistir a apresentação de Rodrigo, que expressa claramente sua emoção ao ver as pessoas gostarem do que faz. No tempo em que permaneci lá, muitas pessoas pararam, sorriram, aplaudiram e entre seus espectadores, uma família inteira se sentou e apreciou a música. De uma outra ouvinte o rapaz ganhou até um bilhetinho.