29 de maio de 2009

Os palhaços e nós

Três palhaços se apresentam pelas ruas da cidade e buscam despertar nas pessoas a verdadeira arte de sorrir


Presente no imaginário infantil o palhaço é um personagem lúdico, que faz das circunstâncias e contrariedades da vida, um motivo para sorrir. E, numa espécie de picadeiro ao ar livre, em frente ao Teatro Municipal, no Centro da cidade, três dessas criaturas se propõem a cumprir esse papel.
Anderson Machado, 23, era técnico em eletrônica e mecatrônica, Fernando Proença, 20, trabalhava com informática e Edson Neves, 23, era motoboy. Hoje, com maquiagem e nariz vermelho, eles prendem a atenção de crianças e adultos que se divertem com as histórias e situações vividas pelos palhaços.
Cada vez que os malabares vão ao chão, um estrondo de gargalhadas vem à tona. O som do acordeão dá mais vida e alegria ao show e o malabarismo das facas, sobre dois garotos da platéia é o momento de maior atenção do respeitável público, mesmo as facas sendo de mentira.
O grupo, Circo sem futuro, pois vivemos no presente, geralmente, se apresenta aos finais de semana, no centro ou em parques da cidade. Para Fernando a rua é o melhor lugar para aperfeiçoar a arte. “Se você consegue chamar a atenção das pessoas, que passam apressadas, será capaz de fazer uma boa apresentação em qualquer lugar”.
Já Anderson, gosta da diversidade de ideias que encontra nos lugares onde se apresenta. “Nas ruas, você tem contato com muitas pessoas, o nosso público vai de moradores de rua a empresários”. Os rapazes também trocam experiências com outros artistas, que encontram no Beco do Aprendiz, um espaço aberto para manifestações artísticas, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
O grupo trabalha junto, há quase um ano, mas a paixão pela arte vem de muito tempo. Há 3 anos, Anderson largou seu emprego numa metalúrgica e desde então, se dedica a arte de rua. Mas nem só de piadas vivem os palhaços, eles também estudam e se esforçam ao máximo para aperfeiçoar seus números, além de contar com a inspiração do dia a dia.

23 de maio de 2009

Pequenas diferenças

Apenas um oceano, nada mais separa o Brasil das diversas Áfricas. São muitos os países, os dialetos, os costumes, as crenças, mas apenas uma nação. Um único povo, que carrega no sangue a vergonha de mais de 3 séculos de escravidão e o orgulho de firmar numa terra estranha raízes tão fortes, que já não se pode diferencia-las.
É nosso dever valorizar cada detalhe da cultura e da magia desse continente, berço da humanidade. Pagar uma dívida, que pertence a todos nós brasileiros. O que mais podemos fazer por eles? Eles, que já se tornaram nós! Essa miscigenação começou nas cozinhas das casas grandes, nas senzalas e nos quilombos.
Felizmente escravizamos apenas os corpos dos africanos, seus sentimentos e vontades mantiveram-se livres. Da indiferença do branco, fizeram um motivo para permanecerem negros, afirmando a identidade um continente inteiro.

1 de maio de 2009

Histórias versus Fronteiras


Sansakroma é um grupo contador de histórias, que ultrapassa todas as fronteiras e atravessa continentes, usando apenas a imaginação de seus ouvintes

Imagine um mundo onde toda história tivesse um final feliz e algo a nos ensinar, em que o doce som da flauta, em harmonia com os fortes acordes do violão, fizesse parte da trilha sonora de nossos aprendizados. Um lugar do sapo cantor, do cigano encantado e do africano que ama demais seu país para abandoná-lo. Não, esse mundo não existe apenas na minha imaginação, é possível vivê-lo em cada apresentação do Sansakroma.
Numa mistura de literatura, teatro, artes plásticas, dança, música e histórias, o projeto idealizado por Julio e Débora D’Zambê, leva alegria e magia a todas as crianças, não importa a idade. O próprio nome justifica essa missão, pois Sansakroma, é também o nome da ave africana que, na época do Apharteid protegia e abençoava os filhos dos refugiados.
Julio e Débora são pesquisadores da Cultura Popular e há seis anos procuram despertar a necessidade de uma reflexão por um mundo mais justo, com igualdade de oportunidades e respeito à todas as diferenças A banda nasceu do coral Cantos da Paz, extinto grupo que congregava refugiados e solicitantes de refúgio de diversos países africanos no Sesc do Carmo.
Desde então, o casal D’Zambê e os cantores africanos se propõem a disseminar uma cultura de paz e deixar o mundo mais colorido. “Queremos pegar as cores do arco-íris e coloca-las no coração de cada criança”, diz Débora.

Oitenta minutos para sonhar

Para sonhar é preciso ultrapassar fronteiras, por isso figuras tão brasileiras como Maria Bonita e um nordestino contador de histórias dividem o palco com cantos africanos e um índio que toca seu chocalho para a cigana dançar.
O Sansakroma reúne elementos culturais do Brasil, África e Cuba em suas apresentações. Aproxima lugares tão distantes geograficamente, mas com povos, costumes e culturas tão similares.O show começa sob o som da flauta que, nos lábios de Débora, arranca lágrimas de alguns espectadores e nas crianças, o efeito é de completo transe.
Enquanto isso, nas histórias de Julio, as mais mágicas criaturas ganham vida. Um sapo meio bicho-grilo adora seu violão e encanta a todos com suas canções, um pequeno cigano enfeitiçado, se torna grande por causa do amor e Romeu e Julieta vivem para contar sua história.
As fronteiras se tornam insignificantes diante de tantas manifestações culturais reunidas num só lugar. Até parece, que todos nos transportamos ao imaginário das crianças, onde só precisamos de 80 minutos e muita imaginação para percorrer o mundo.
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
(Nelson Mandela)