23 de setembro de 2009

O ônibus









Do lado de fora, nem imaginava o que presenciaria dentro do ônibus. Enquanto eu passava pela catraca, vi um homem sentado no braço do primeiro banco. Ele tocava e cantava Metamorfose Ambulante, uma das canções mais emblemáticas do Maluco Beleza. Impossível foi conter o sorriso e a vontade de cantar e, para aumentar minha alegria, outras pessoas também cantavam e sorriam.
Lá fora, a mesma rotina corria pela Avenida Paes de Barros, mas dentro do ônibus a inesperada atitude daquele homem suscitou questões sobre nossa realidade. Por que também não fazer o mesmo? Por que devemos sempre, nos comportar como esperam as pessoas? Por que não surpreendê-las? Sempre admirei quem não tem vergonha de viver, como aquele homem, que por apenas copiar as canções, não se considera um músico profissional. Mas para mim, ele se revelou um original ser humano.
É impressionante como, às vezes, um simples ato pode carregar tantos significados. Naquela noite, as notas do velho violão reafirmaram minha grande paixão pela música e me mostraram uma face da vida, que já havia esquecido. Oxalá, que encontrasse mais pessoas como esse desconhecido. Pena, que logo o homem desceu, levou consigo seu violão e sua música. No ônibus, fiquei eu com minhas reflexões e o mesmo tagarelar das mesmas velhas pessoas.

22 de setembro de 2009

A menina que transgride a imobilidade

Aline nasceu sem mobilidade, mas sua postura diante da vida a fez superar sua deficiência



A história de Alice Gonçalves Messias e Manoel Messias pode se confundir com a de muitos outros brasileiros. Ela nasceu em Dourado, Mato Grosso do Sul e ele, Ceará. Ambos chegaram em São Paulo com a esperança de traçar um destino diferente. Conheceram-se, se apaixonaram e casaram. Porém, o nascimento de sua primeira filha, deu um novo rumo a história do jovem casal.
Aline já era esperada muito antes de sua concepção. Dois cômodos erguidos na comunidade de Heliópolis e o sonho de constituir família os levaram a planejar a gravidez. E assim aconteceu. No dia 17 de dezembro de 1989, Alice não estava em condições de ter parto normal, mas mesmo assim, os médicos do Hospital do Servidor Público (Sepaco) esperaram pela dilatação, que não ocorreu.
Naquele dia, Alice não ouviu sua filha chorar, a demora no atendimento não deixou o oxigênio chegar ao cérebro de Aline, que teve sua coordenação motora afetada. “Ela nasceu bem pequena. A falta de oxigênio fez com que ela não chorasse”, lembra a mãe.
Depois de um mês na incubadora, a menina nasceu outra vez e o lugar escolhido pela família, para agradecer a primeira vitória de muitas outras, foi a igreja São José. A partir daí, os hospitais se tornaram rotina na vida do casal. Sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, tudo o que era possível, para a recuperação da filha. Além de tratamentos médicos, ela também recebia muito carinho dos amigos, que fez entre as idas e vindas das consultas e terapias. “Aos sábados, o ponto de encontro dos meus amigos era minha casa”, conta Aline.
As primeiras tentativas de caminhar, só aconteceram aos cinco anos e sua primeira crise de convulsão, também. Aos 12, passou por uma cirurgia, que deu mais movimento a uma de suas pernas e firmeza nos quadris. Após 90 dias com o pé engessado, em recuperação de uma segunda operação, Aline dançou em seu baile de debutante. “A festa de 15 anos da Aline foi uma vitória, todo mundo chorou”, conta Alice com os olhos cheios de lágrima.
Com apenas 19 anos, superando obstáculos em seu caminho como a falta de oxigênio e de mobilidade, Aline já amadureceu com as suas experiências. Há dez anos não tem convulsão, com a chegada de Matheus, passou a ser a irmã mais velha, trabalha, faz faculdade e conquista a todos por onde passa.

5 de setembro de 2009

A luta continua...







Como se já não bastassem os mais de 300 anos da covarde escravidão imposta ao povo africano, ainda hoje, há quem se preste a tal atrocidade. Mas, contra estes que se acham acima da dignidade, do respeito e da própria humanidade, há ferramentas com as quais, temos o dever de lutar por um mundo mais justo. É o caso da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde o trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária.
Ou seja, essa emenda vem reafirmar a bestialidade por trás da escravidão e a tamanha pobreza de espírito, daqueles que se acham donos de outro ser humano. O primeiro passo já foi dado, a emenda já passou pelo Senado Federal e espera a aprovação da Câmera, agora cabe a nós, sociedade, lutar pela dignidade do povo brasileiro. Abaixo, segue o link para o abaixo-assinado a favor da PEC 438.


http://www.trabalhoescravo.org.br/abaixo-assinado/

4 de setembro de 2009

Indispensáveis, se fazem as palavras...
Importante, os verdadeiros sentimentos humanos...
Amor, revolta, esperança...
São muitos os elementos que nos faltam, muitas as dores que sobram...
Talvez a injustiça nunca seja explicada, talvez muitos tenham partido sem saber...
Restou apenas a certeza do que deve ser falado, sentido e vivido...
São tristes os caminhos por onde nos deparamos com expressões e vidas sofridas...
Meu Deus, porque tantas diferenças?
A vida de muitos se perdendo entre a inércia e o desespero...
Aqueles rostos nunca se apagarão da minha mente, o andar desesperado...
A busca de socorro, disfarçado de esmolas e miséria...
Resta apenas, um sentimento que ultrapassa o entender e se faz enxergar na eterna busca pela sobrevivência...
Rostos e olhares marcantes, a face de um Brasil esquecido, testemunhas do egoísmo e ganância, vítimas da completa estupidez humana.