2 de outubro de 2010

Estudantes buscam entender a dinâmica e as particularidades dos conflitos armados.



Todas as cadeiras ocupadas. No corredor, pessoas sentadas em bancos feitos de caixas de papelão. Afixada na tela do cinema, uma faixa anunciava que ali se realizava a 9ª edição do Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflito Armado e outras Situações de Violência, do Oboré. Enquanto o sol saia e esquentava, aos poucos, a fria manhã do último sábado (25/09), estudantes de várias universidades do país chegavam à Matilha Cultural, localizada na Rua Rego Freitas, 542, na Vila Buarque, para tentar ser um dos 25 selecionados desse módulo.
Lá dentro, um mundo de possibilidades. Tudo sobre os conflitos armados e o respeito à vida humana. O pessoal do Oboré, da Matilha Cultural e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) prepararam uma manhã deliciosa para aqueles que se interessam pelos humanos e seus direitos.
Primeiro, o documentário José Hamilton Ribeiro, o príncipe dos repórteres em homenagem ao jornalista, conhecido por ser o único repórter brasileiro a cobrir a Guerra do Vietnã. Entre depoimentos de amigos e familiares, se desvenda um Zé Hamilton com uma rara sensibilidade, um verdadeiro jornalista à moda antiga, romântico. Logo em seguida, as imagens do trabalho feito pela Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nas mais diferentes regiões do planeta, como Somália e Iraque, prendiam a atenção dos futuros jornalistas.
Depois das imagens, as palavras do novo chefe do CICV para a Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Felipe Donoso ajudaram a complementar as informações sobre a atuação da organização em conflitos armados e outras formas de violência.
Entre uma explicação e outra, Donoso falou sobre os principais valores do Comitê, o que permite aos seus voluntários ajudarem a todos que precisem, independentemente de partido político ou grupo armado. “Temos como principal bandeira a neutralidade e a independência, justamente para garantir nossa independência não fazemos parte da ONU e os países doares podem dizer onde colocar o dinheiro que doam, mas não como utilizá-lo.”
Ele também diz, “que em uma guerra a principal consequência é o sofrimento humano. Por isso, nosso objetivo é fazer tudo o que for necessário para restabelecer os mecanismos afetados em uma sociedade pelos conflitos armados.”
Mas, o dia não acabou por aí. Na coletiva de imprensa, os estudantes mostraram seu interesse. Eram muitas perguntas, para pouco tempo. O que não impediu de aparecer questões sobre a ação do CICV no Rio de Janeiro, na Somália e o que fazer com os conflitos agrários na região norte do Brasil.
Depois de respondidas todas as perguntas, chegou a hora dos estudantes se questionarem. Em poucas linhas, eles tiveram que mostrar por que merecem fazer o curso. Falar das suas verdadeiras razões para estarem lá.