Que já não sou mais a mesma. Revirando velhos textos, encontrei palavras que não parecem ter sido escritas por mim. Descobri uma pessoa que já não cabe na rotina dos meus dias. Alguém que não se importa em passar uma noite de sexta-feira em casa, desde que acompanhada de um bom livro e o eterno violão. Alguém que guarda a alma de uma eterna sonhadora, como escreveu uma querida amiga.
Não me levem a mal, não estou sendo ingrata com o tempo que passou, com o que aprendi e vivi. Claro que aconteceram muitas coisas dignas da minha eterna gratidão. Apenas percebi que os sonhos também enferrujam com a falta de exercício e a culpa é toda minha. Eu não reclamo mais, não saio pelas ruas em busca de sensibilidade e esperança. O que mais temia aconteceu. Acomodei-me! Apeguei-me a pessoas e momentos que deveriam contribuir para algo maior que isso.
Prova disso é esse texto. Há muito, não parava para perceber o que se passava aqui dentro e descobrir o que realmente me fará feliz daqui a alguns anos. Quando talvez, algumas pessoas importantes para mim, estiverem longe e eu precisarei andar por mim mesma.
Um dia me disseram que os sonhos são exclusividade de jovens estudantes, que pensam em mudar o mundo apenas com a força do desejo e da revolta. Que com o tempo, eles percebem que tudo não passa de uma simples ilusão. Será mesmo que nosso destino é se render ao ceticismo? Não podemos alimentar os mesmos sonhos e carregar a mesma inocência desses que anseiam por um mundo melhor?
Enquanto revivia alguns momentos que estão estampados nos antigos textos do meu blog, percebi o quanto sinto falta desses sonhos, de me entregar a essa ilusão e me perder nela até o final dos meus dias. Sei que nenhum dia é igual ao outro, que o mundo não espera que eu esteja pronta e preparada, mas a essência deve continuar e incomodar até chegar o ponto de chorar com o que escrevi.