9 de março de 2008

Resquicios do passado.

Numa tarde de domingo, quando um vento toca meu rosto e me faz sentir mais viva encontro, entre a dualidade do vazio e do silêncio necessário, a imagem do verdadeiro ser humano.

Essa criatura, que a cada dia se torna mais rara, deixa escapar do coração o que já não suporta mais carregar, a triste conclusão de que nos transformamos em meros espectadores da vida. Ela advertia que a corrida para ver quem tem mais oprime o que nada tem, evocava também a tristeza e o desespero de um pai a procura da dignidade e sustento de seus filhos perdidos entre monumentos arquitetônicos que disfarçam a grande miséria de nossos corações.

As desilusões que encontro em seu olhar e o cansaço que percebo em sua face, caem por terra ao constatar a grande sabedoria que a simplicidade pode carregar. Em meio a palavras e gestos ele sintetizou o sentido da vida, afirmando que as pessoas se vendem por ilusões palpáveis e passageiras e se esquecem do grande prazer em sentir o coração palpitar e as lagrimas escorrerem num ritual de se tornar mais humano.

Acho que a cadia busco isso, mas nem sempre o sinto, como posso esquecer de sentir o cheiro das flores? De reparar nas nuvens que se formam e transformam no que eu quiser? Dos tempos de criança? Como posso esquecer da grande saudade que sinto da minha vida? Hoje já não me sinto como antes, algo aqui dentro se foi e acho defícil recuperar, não sei ao certo o que se perdeu durante o tempo que passou.

È estranho pensar que as pessoas se vão, não ficam ao nosso lado para sempre como nos contos de fadas, nem mesmo nossos pais, irmãos e tios, nem mesmo eles não cumprem a promessa que fizeram em meus sonhos de criança.

A alegria da chegada de novas pessoas se mistura com a saudade das que partiram, esperanças se renovam todos os dias, sonhos são construidos e melhorados, mas a sensação de não estar em tempo nenhum prevalece entre os mais íntimos sentimentos.