24 de abril de 2010

Ruas de São Paulo e seus moradores


Viadutos, passarelas, praças públicas e grandes avenidas, qualquer espaço vazio serve para estender um cobertor e passar a noite. É comum andar pela cidade de São Paulo e encontrar crianças, jovens e idosos, que estão nas ruas e sobrevivem apenas do que ela oferece. Segundo dados da pesquisa, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), cerca de 10 mil pessoas vivem nas ruas da capital paulista.
Segundo a professora de economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da pesquisa, Silvia Schor, pobreza, abandono e drogas, são alguns dos inúmeros motivos que levam às ruas. “São diferentes histórias, vividas por todo tipo de pessoa. É difícil especificar esse momento de ruptura, quando a pessoa se torna excluída da sociedade”, diz a pesquisadora.
Esse censo, encomendado pela Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento (SMADS), tem o objetivo de traçar o perfil socioêconômico dos moradores de rua. Porém, Silvia fala da dificuldade de contar e identificar essa população. “ Eles não ficam em um único lugar. O horário mais fácil de encontrá-los é de madrugada, quando se fixam para dormir.”
A lei que regulamenta essa contagem é a 12.316, de 1997, mais especificamente o artigo 7, que determina a divulgação no Diário Oficial, por parte do poder público, do número de pessoas que vivem nas ruas da cidade. Esse levantamento visa garantir um número suficiente de vagas em albergues e abrigos.
A prefeitura de São Paulo, por meio da SMADS, oferece cerca de 8 mil vagas em albergues e abrigos para a população de rua. O coordenador de proteção social para adultos, Luiz Fernando Francisquini, explica que esse número pode variar e depende da época do ano. “No inverno, por exemplo, a oferta de abrigo sempre aumenta.”
Para o ex-integrante da Pastoral de Rua e supervisor de ensino, Amarildo Luchetti, esses abrigos podem ajudar na reitengração dos moradores de rua na sociedade. “Mais do que um lugar para se alimentar e tomar banho, o albergue deve ser um espaço educativo e de conscientização.” Ele também afirma, que ninguém está na rua por opção, pois, ela é uma lugar hostil. “A rua é o limite da exclusão de um sistema capitalista que não funciona mais”, finaliza Luchetti.