25 de dezembro de 2009

África de todos nós














Dos meus sonhos, desejos, minhas tristezas e revoltas.
Das cores e dos cantos.
Do desespero, da esperança e do início de tudo.
Da opressão, do descaso e da resistência.
Da infinita fé e emocionante simplicidade.
Das peles negras, brancas e sorrisos luminosos.
Da inocência dos filhos e do amor dos pais.
Dos vários povos, crenças,tradições.
Da solidariedade diante do nada.
Da estonteante beleza que povoa suas paisagens.
Da vida que faz correr em minhas veias e da vontade de estar sempre tão próxima, mesmo que um oceano distante .

5 de dezembro de 2009

Em África, disse alguém, os mortos são negros e as armas são brancas. Seria difícil encontrar uma síntese mais perfeita da sucessão de desastres que foi e continua a ser, desde há séculos, a existência no continente africano. O lugar do mundo onde se crê que a humanidade nasceu não era certamente o paraíso terrestre quando os primeiros “descobridores” europeus ali desembarcaram (ao contrário do que diz o mito bíblico. Adão não foi expulso do éden, simplesmente nunca nele entrou), mas, com a chegada do homem branco abriram-se de par em par, para os negros, as portas do inferno. Essas portas continuam implacavelmente abertas, gerações e gerações de africanos têm sido lançados à fogueira perante a mal disfarçada indiferença ou a impudente cumplicidade da opinião pública mundial. Um milhão de negros mortos pela guerra, pela fome ou por doenças que poderiam ter sido curadas, pesará sempre na balança de qualquer país dominador e ocupará menos espaço nos noticiários que as quinze vítimas de um serial killer. Sabemos que o horror, em todas as suas manifestações, as mais cruéis, as mais atrozes e infames, varre e assombra todos os dias, como uma maldição, o nosso desgraçado planeta, mas África parece ter-se tornado no seu espaço preferido, no seu laboratório experimental, o lugar onde o horror mais à vontade se sente para cometer ofensas que julgaríamos inconcebíveis, como se as populações africanas tivessem sido assinaladas ao nascer com um destino de cobaias, sobre as quais, por definição, todas as violências seriam permitidas, todas as torturas justificadas, todos os crimes absolvidos. Contra o que ingenuamente muitos se obstinam em crer não haverá um tribunal de Deus ou da História para julgar as atrocidades cometidas por homens sobre outros homens. O futuro, sempre tão disponível para decretar essa modalidade de amnistia geral que é o esquecimento disfarçado de perdão, também é hábil em homologar, tácita ou explicitamente, quando tal convenha aos novos arranjos económicos, militares ou políticos, a impunidade por toda a vida aos autores directos e indirectos das mais monstruosas acções contra a carne e o espírito. É um erro entregar ao futuro o encargo de julgar os responsáveis pelo sofrimento das vítimas de agora, porque esse futuro não deixará de fazer também as suas vítimas e igualmente não resistirá à tentação de pospor para um outro futuro ainda mais longínquo o mirífico momento da justiça universal em que muitos de nós fingimos acreditar como a maneira mais fácil, e também a mais hipócrita, de eludir responsabilidades que só a nós nos cabem, a este presente que somos. Pode-se compreender que alguém se desculpe alegando: “Não sabia”, mas é inaceitável que digamos: “Prefiro não saber”. O funcionamento do mundo deixou de ser o completo mistério que foi, as alavancas do mal encontram-se à vista de todos, para as mãos que as manejam já não há luvas bastantes que lhes escondam as manchas de sangue. Deveria portanto ser fácil a qualquer um escolher entre o lado da verdade e o lado da mentira, entre o respeito humano e o desprezo pelo outro, entre os que são pela vida e os que estão contra ela. Infelizmente as coisas nem sempre se passam assim. O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses. Em tais casos não podemos desejar senão que a consciência nos venha sacudir urgentemente por um braço e nos pergunte à queima-roupa: “Aonde vais? Que fazes? Quem julgas tu que és?”. Uma insurreição das consciências livres é o que necessitaríamos. Será ainda possível?
(José Saramago)

30 de novembro de 2009

" A verdadeira função do homem é viver, não existir. Eu não gastarei meus dias tentando prolongá-los. Eu usarei meu tempo."
Jack London

12 de novembro de 2009

Diante dos sonhos a vida se mostra tão pequena, medíocre e sem graça. Enquanto alguns desejos arrebatam sentimentos e emoções e tomam para si toda a essência do ser e o fazem único, a urgência de viver tudo em apenas uma vida, causa certo incômodo e impaciência. Apesar da mesmice do cotidiano, das exigências sem importância e da anulação do ser humano, a alma ainda busca a liberdade.

12 de outubro de 2009

"Na escravidão, um carvoeiro tem espaço para um carinho no filho, um beijo na companheira. O escravo é um ser humano, mas ele deixa de ser tratado como humano e passa a ser visto como mercadoria. É fundamental gritar as denúncias, mas também gritar o belo dessas pessoas. Fotografar, para mim, é descobrir e reconhecer valores."

(João Roberto Ripper)

2 de outubro de 2009

Boa noite!

Poderia dormir, mas sei que não dormiria tão fácil assim. Enquanto a cabeça maturaria uma miríade de pensamentos, o corpo giraria, para lá e para cá. Ah sim! Há também as inumeras perguntas, que pertubariam minha tão merecida noite de sono. Vontade mesmo é de conversar, falar da alma e do coração, da difícil missão de entender a si mesmo e da eterna batalha para entender os outros.
Algumas coisas, não têm mesmo explicação. Certos sentimentos, que vêm e vão, algumas vontades que, hora se materializam, hora desaparecem. Uma coragem, que parece garantir os restos dos meus dias.
Mas afinal, o que estou fazendo? Escrevendo para as paredes? É estranho pensar, que mesmo com todo o silêncio dessa noite, há palavras que ninguém pode ouvir. Também, o que queria? Todos têm suas vidas e há momentos, em que a solidão é uma cama confortável que nos chama às reflexões da noite.
Psiu! Alguém aí?

23 de setembro de 2009

O ônibus









Do lado de fora, nem imaginava o que presenciaria dentro do ônibus. Enquanto eu passava pela catraca, vi um homem sentado no braço do primeiro banco. Ele tocava e cantava Metamorfose Ambulante, uma das canções mais emblemáticas do Maluco Beleza. Impossível foi conter o sorriso e a vontade de cantar e, para aumentar minha alegria, outras pessoas também cantavam e sorriam.
Lá fora, a mesma rotina corria pela Avenida Paes de Barros, mas dentro do ônibus a inesperada atitude daquele homem suscitou questões sobre nossa realidade. Por que também não fazer o mesmo? Por que devemos sempre, nos comportar como esperam as pessoas? Por que não surpreendê-las? Sempre admirei quem não tem vergonha de viver, como aquele homem, que por apenas copiar as canções, não se considera um músico profissional. Mas para mim, ele se revelou um original ser humano.
É impressionante como, às vezes, um simples ato pode carregar tantos significados. Naquela noite, as notas do velho violão reafirmaram minha grande paixão pela música e me mostraram uma face da vida, que já havia esquecido. Oxalá, que encontrasse mais pessoas como esse desconhecido. Pena, que logo o homem desceu, levou consigo seu violão e sua música. No ônibus, fiquei eu com minhas reflexões e o mesmo tagarelar das mesmas velhas pessoas.

22 de setembro de 2009

A menina que transgride a imobilidade

Aline nasceu sem mobilidade, mas sua postura diante da vida a fez superar sua deficiência



A história de Alice Gonçalves Messias e Manoel Messias pode se confundir com a de muitos outros brasileiros. Ela nasceu em Dourado, Mato Grosso do Sul e ele, Ceará. Ambos chegaram em São Paulo com a esperança de traçar um destino diferente. Conheceram-se, se apaixonaram e casaram. Porém, o nascimento de sua primeira filha, deu um novo rumo a história do jovem casal.
Aline já era esperada muito antes de sua concepção. Dois cômodos erguidos na comunidade de Heliópolis e o sonho de constituir família os levaram a planejar a gravidez. E assim aconteceu. No dia 17 de dezembro de 1989, Alice não estava em condições de ter parto normal, mas mesmo assim, os médicos do Hospital do Servidor Público (Sepaco) esperaram pela dilatação, que não ocorreu.
Naquele dia, Alice não ouviu sua filha chorar, a demora no atendimento não deixou o oxigênio chegar ao cérebro de Aline, que teve sua coordenação motora afetada. “Ela nasceu bem pequena. A falta de oxigênio fez com que ela não chorasse”, lembra a mãe.
Depois de um mês na incubadora, a menina nasceu outra vez e o lugar escolhido pela família, para agradecer a primeira vitória de muitas outras, foi a igreja São José. A partir daí, os hospitais se tornaram rotina na vida do casal. Sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, tudo o que era possível, para a recuperação da filha. Além de tratamentos médicos, ela também recebia muito carinho dos amigos, que fez entre as idas e vindas das consultas e terapias. “Aos sábados, o ponto de encontro dos meus amigos era minha casa”, conta Aline.
As primeiras tentativas de caminhar, só aconteceram aos cinco anos e sua primeira crise de convulsão, também. Aos 12, passou por uma cirurgia, que deu mais movimento a uma de suas pernas e firmeza nos quadris. Após 90 dias com o pé engessado, em recuperação de uma segunda operação, Aline dançou em seu baile de debutante. “A festa de 15 anos da Aline foi uma vitória, todo mundo chorou”, conta Alice com os olhos cheios de lágrima.
Com apenas 19 anos, superando obstáculos em seu caminho como a falta de oxigênio e de mobilidade, Aline já amadureceu com as suas experiências. Há dez anos não tem convulsão, com a chegada de Matheus, passou a ser a irmã mais velha, trabalha, faz faculdade e conquista a todos por onde passa.

5 de setembro de 2009

A luta continua...







Como se já não bastassem os mais de 300 anos da covarde escravidão imposta ao povo africano, ainda hoje, há quem se preste a tal atrocidade. Mas, contra estes que se acham acima da dignidade, do respeito e da própria humanidade, há ferramentas com as quais, temos o dever de lutar por um mundo mais justo. É o caso da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde o trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária.
Ou seja, essa emenda vem reafirmar a bestialidade por trás da escravidão e a tamanha pobreza de espírito, daqueles que se acham donos de outro ser humano. O primeiro passo já foi dado, a emenda já passou pelo Senado Federal e espera a aprovação da Câmera, agora cabe a nós, sociedade, lutar pela dignidade do povo brasileiro. Abaixo, segue o link para o abaixo-assinado a favor da PEC 438.


http://www.trabalhoescravo.org.br/abaixo-assinado/

4 de setembro de 2009

Indispensáveis, se fazem as palavras...
Importante, os verdadeiros sentimentos humanos...
Amor, revolta, esperança...
São muitos os elementos que nos faltam, muitas as dores que sobram...
Talvez a injustiça nunca seja explicada, talvez muitos tenham partido sem saber...
Restou apenas a certeza do que deve ser falado, sentido e vivido...
São tristes os caminhos por onde nos deparamos com expressões e vidas sofridas...
Meu Deus, porque tantas diferenças?
A vida de muitos se perdendo entre a inércia e o desespero...
Aqueles rostos nunca se apagarão da minha mente, o andar desesperado...
A busca de socorro, disfarçado de esmolas e miséria...
Resta apenas, um sentimento que ultrapassa o entender e se faz enxergar na eterna busca pela sobrevivência...
Rostos e olhares marcantes, a face de um Brasil esquecido, testemunhas do egoísmo e ganância, vítimas da completa estupidez humana.

29 de agosto de 2009

Direito de ser criança

Políticas para erradicação do trabalho infantil precisam de maior acompanhamento

Direito à vida, à dignidade, ao respeito. O artigo 227º da Constituição Federal assegura esses e outros direitos às crianças brasileiras. Ele também diz, que o cumprimento dessas obrigações é de inteira responsabilidade da família, da sociedade e do Estado. Outro artigo, o 7º, ainda reafirma o direito de ser criança e proíbe o trabalho de meninos e meninas com menos de 14 anos de idade.
Segundo pesquisa feita pelo IBGE, em 2007, o Brasil possui quase 38 bilhões de crianças e cerca de 89% delas, só estudam. Ou seja, são sustentadas pelas famílias e as outras 2,5 milhões são frutos da desigual distribuição de renda.
Em 1996, o governo Federal criou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), como uma forma de ajudar financeiramente as famílias dessas crianças, que precisam trabalhar. Os país são cadastrados no programa e recebem uma verba mensal para manter os filhos na escola. Eles também precisam participar de grupos sócio-educativos, onde desenvolvem alguma atividade de geração de renda, para não perder a ajuda.
Porém, segundo a assistente social Isabel Cristina Candido, o governo não investe nesses grupos educativos. “Só o dinheiro não basta, é preciso investir no trabalho de conscientização e profissionalização dessas famílias”. Ela trabalha no Ciclo de Trabalhadores Cristãos da Vila Prudente, um dos centros de educação, que também não recebe nenhum tipo de ajuda governamental.
No Ciclo, que atende 12 famílias por ano, além dos cursos de geração de renda, as mães do Peti também assistem a filmes, palestras e participam de dinâmicas e rodas de conversas. Nesses bate-papos as assistentes sociais discutem a questão dos papéis invertidos dentro da família. “Nós fazemos esse trabalho de conversar com as mães do Peti, para que elas possam entender que o pai e a mãe são os provedores. A criança tem que estudar, do contrário, toda a fase da infância se perdera no trabalho”.
Isabel garante que, apesar do processo e resultado demorados, os programas de conscientização desenvolvidos pelo Ciclo, são eficazes e ajudam no combate ao trabalho infantil “Mais do que dinheiro, essas orientações dão uma perspectiva de futuro”, completa a assistente social.

21 de agosto de 2009

1,2,3...rodando! Rodando, não...Ródando...






Há exatamente 20 anos, a geração paz e amor presenciou o calar de uma das vozes mais expressivas da chamada contracultura rebelde. Paradoxalmente, os jovens daquela época pediam paz, através dos gritos do rock and roll.
Assim também fazia Raulzito, apesar das críticas ao seu não engajamento, o baiano roqueiro cantou os sonhos daquela geração. Suas letras traduzem o espírito livre e despojado, ironizam as relações e atitudes da sociedade conservadora da época. Raul falou de amor, desigualdade, justiça, misticismo, religião...Viveu tudo em apenas sete notas!
Hoje, os gritos de liberdade ainda ecoam pela geração pós-Raul. Mesmo os fãs que nasceram após a morte do maluco beleza, vivem o sonho da Sociedade Alternativa. É impossível tentar racionalizar o que Raul trazia dentro de si. Como explicar a repulsa à inércia dos ditos cidadãos respeitáveis, que se sentavam nos tronos dos apartamentos, esperando a morte chegar? Ou então, a recusa de viver essa realidade e a vontade de pegar carona em algum disco voador e habitar o infinito e suas estrelas?
Não consigo explicar, o por que de minha identificação com letras, que foram escritas muitos anos antes de meu nascimento. Às vezes, a razão das palavras nos impede de explicar o que faz nosso coração bater mais forte. Por isso, fico por aqui!

13 de agosto de 2009

Se esse céu...se esse céu fosse meu!













Quem gosta de observar os astros, mas os verdadeiros, aqueles que esquentam nossos dias e iluminam nossas noites, vai ficar feliz em descobrir, que 2009 é o ano Internacional da Astronomia e vai vibrar mais ainda, quando saber que astrônomos do mundo inteiro reivindicam um céu noturno mais estrelado.
Todos eles lutam “em defesa de um céu noturno e pelo direito à luz das estrelas”. Para tanto, lançaram uma resolução na 27º Assembléia Geral da União Astronômica internacional, que se realiza até amanhã (14/08), no Rio de Janeiro. No texto, os astrônomos afirmam que “um céu noturno não poluído... deve ser considerado um direito sociocultural e ambiental fundamental.”
Receio, porém, que esses mesmos admiradores sentirão falta de algo ao descobrir, que se não fosse pela poluição luminosa, que estupidamente insistimos em conservar, poderíamos admirar cerca de duas mil estrelas.
Imaginem como seriam nossas noites? Mas infelizmente, nos contentamos em ver apenas 25 pontos de luz no céu. Irônico é descobrir que nossa galáxia, na Antiguidade, recebeu o nome de Via Láctea, justamente por parecer uma trilha de leite derramado no céu.
Conheça mais o céu...http://www.astronomia2009.org.br/
"Nenhum homem é uma ilha isolada em si(...). A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. Por isso, não pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti".
John Donne

11 de agosto de 2009

Hoje

A dor e a desilusão fazem extinguir a essência da alma humana. O fio da esperança perde a forma e a utilidade, enquanto luta, para manter envolvidos os últimos suspiros da dignidade.
Como dizia Raul, é aceitável e humano vivermos nessa eterna metamorfose ambulante. Hoje confesso, que realmente o fio de esperança está perdendo sua utilidade, pelo meno para mim. Não posso prever até quando essa sensação dilacerante habitará minha alma, apenas peço perdão, por hoje, não acreditar na humanidade. Talvez daqui há alguns dias publique aqui, novamente, minhas crenças e esperanças num redescobrimento da verdadeira condição humana. Mas, por enquanto, registro aqui a silenciosa dor, que também corrói minha alma e existência. Nesse novo texto, não me proponho a falar com cada um de vocês, apenas me eximir da terrível culpa do ceticismo e do julgamento. Algumas coisas, simplesmente não fazem sentido, talvez nem mesmo essas palavras. Mas insisto na compreensão de vocês, meus amigos, pois realmente nada faz sentido!

5 de agosto de 2009


Parece ser preciso reinventar o mundo, criar outras pessoas e plantar novos corações. Livrar os inocentes, que esquecidos em lugares remotos e inpensáveis pelos donos do poder, pagam a conta pelo egoismo disseminado pelos quatro cantos do planeta. Há realidades que se confundem com a ficção. Parecem saídas da cabeça de algum escritor de Hollywood e chegam até nos, sem despertar absolutamente nenhum sentimento.
Ao ler a entrevista do Dr. Mohamed Yusuf é impossível não se revoltar e, mais uma vez, se questionar sobre nosso papel no mundo. Yusuf é médico do Hospital Medina, um dos poucos que funcionam em Mogadício, Somália. Na entrevista do link abaixo, o médico conta um pouco da rotina do hospital e das condições desumanas em que vivem os somalis. Boa leitura e uma melhor reflexão!

http://www.icrc.org/web/por/sitepor0.nsf/html/somalia-interview-190509
" Ninguém jamais me compreenderia; gosto de muitas coisas ao mesmo tempo e me confundo inteiro e fico todo enrolado, correndo de uma estrela cadente para outra até desistir. Assim é a noite, e é isso que ela faz com você, eu não tinha nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão."
Jack Kerouac

27 de julho de 2009

Pessoas de sempre


Em tardes assim, quando a chuva preenche o vazio do ar da grande metrópole e traz o delicioso cheiro da natureza, sinto que posso chegar aos céus e resgatar todas as lembranças que me trazem prazer. As estrelas, que parecem rasgar o negro céu de nossas relações e o mar que, além de acolher, encoraja sempre a ir mais fundo parecem fazer parte de mim. Viver tudo em uma só vida.
Posso sim dizer que já vivi muito. Esperanças e sonhos trocados. Quantos podem falar que já fizeram tal negócio? A verdadeira amizade nasce da certeza de nunca estar só, de poder ser você mesmo e ter fãs por causa disso. Dizer o que o coração transborda e não ser julgado. Quem sabe, apenas aconselhado?
Queridos amigos, também aos mais antigos e distantes, hoje faço uma confissão. Mesmo que o destino não me reserve grandes amores, me basta ter passado pela terra e conquistado grandes amigos. Basta-me ter sido importante e necessária. Compartilhado emoções e verdadeiros sentimentos, ser lembrada em grandes ideais e pequenas alegrias. Pois é assim que conquistamos nossa paz, combatendo essa eterna batalha, com o sonho nosso de cada dia.

As palavras


Galera,
estava vaguando entre meus pensamentos e encontrei essas palavras, que teimaram em sair da minha mente para chegarem até vocês. Elas têm a pretensão de tentar extinguir o sentimento de solidão que brota de nossas relações e atingir a cada um de nós. Relutei em sentar e escreve-las, avisei que é batalha perdida, mas como podem ver, fui vencida pelo cansaço!Elas se juntaram, palavra por palavra e avisaram, nunca deixem sua atenção perdida por ai, sempre há alguém que precise dela. O mesmo com seus abraços e carinhos, há feridas que apenas eles podem curar. O sorriso então, nem se fala, quer coisa mais contagiante?Então, assim de supetão, as palavras gritaram: não esqueça dos amigos!!! Divida tudo o que puder com eles, problemas, angústias, ouvidos, alegrias, confidências, loucuras, instantes de silêncios, lágrimas. Assim mesmo, tudo misturado, os verdadeiros amigos não se importam com nossos momentos de lucidez.Num ato desesperado, elas tentam de todas as maneiras acreditar na humanidade. Buscam na mais pura essência, um sentido para os verbos, orações e conjunções, para que dêem também sentido às páginas, que a cada dia temos a chance de escrever de um jeito diferente. Confesso que elas são assim mesmo, meio pretensiosas, se gabam de tocar os corações mais duros, de arrancarem lágrimas dos sensíveis e traduzir toda a sensibilidade de seres iluminados, eles mesmos, os poetas. Nesse ponto, concordo com elas, quem já leu Mario Quintana, sabe do que estou falando.Garanto que essas palavras têm vida própria, assim, sem pedir licença pularam, uma por uma e se jogaram nesse texto, suplicando que cada um reveja o que tem feito para curar um coração, acabar com a solidão, arrancar um sorriso ou apenas dividir dores. Pois é pessoal, elas também me pegaram de surpresa, estava eu lá, mergulhada em minhas saudades e dores e esquecendo das milhares de vidas que a cada dia perdemos, das lágrimas que não enxugamos, do desabafo que não ouvimos, do desespero que não acalmamos e das palavras que não dizemos..

22 de julho de 2009

O oposto

É impressionante como a margem oposta da vida me seduz. A plena liberdade de ser e a eterna escolha de viver. A cada dia a vida mostra uma face diferente, todas tão encantadoras, que é quase impossível resistir aos caminhos opostos.
Alguns rostos, que encaro nas ruas, carregam em si uma serenidade e uma simplicidade envolventes, o vento e o cheiro do despojamento saciam meu ser, aguçam a vontade de me desprender e renovam minha essência. O andar lento e contemplativo faz os dias mais azuis e as pessoas mais humanas.
Ao contrário da visão convencional, as diferentes criaturas que povoam belos lugares, eternizados pela imaginação, alegram as batidas de um coração solitário. Cenas e palavras giram num círculo sem fim, se transformam em mantras que buscam paz e liberdade para a alma.
O próximo é mais do que mais um, é a fortaleza que nos sustenta, o mar que nos acalma, as estrelas que nos inebriam. É a mais pura expressão da natureza. Compartilhado com a solidão, nada vale a pena. São humanos os sentimentos, sonhos e desejos, por que não vivê-los?
Nada é inalcançável, tudo é permitido, o diferente é bem vindo. Os pensamentos solitários são convidados a existir e coexistir com outros, para enfim se materializarem. Que belas palavras nos reservam a alma humana? Como anseio por esse momento. Definitivamente vivo da utopia, enquanto respiro ares de uma outra realidade.

Ser Mineiro




Ser Mineiro é não dizer
o que faz, nem o que vai fazer,
é fingir que não sabe
aquilo que sabe
é falar pouco e escutar muito
é passar por bobo
e ser inteligente
é vender queijos
e possuir bancos.
Um bom Mineiro
não laça boi com imbira,
não dá rasteira no vento,
não pisa no escuro,
não anda no molhado,
não estica conversa com estranhos,
só acredita na fumaça
quando vê fogo,
só arrisca quando tem certeza,
não troca um pássaro na mão
por dois voando.
Ser Mineiro é dizer "uai",
é ser diferente,
é ter marca registada,
é ter história.
Ser Mineiro é ter
simplicidade e pureza,
humildade e modéstia,
coragem e bravura,
fidalguia e elegância.
Ser Mineiro é ver o nascer do sol
e o brilhar da lua,
é ouvir o cantar dos pássaros
e o mugir do gado,
é sentir o despertar do tempo
e o amanhecer da vida.
Ser Mineiro é ser
religioso e conservador,
é cultivar as letras e as artes,
é ser poeta e literato,
é gostar de política,
é amar a liberdade,
é viver nas montanhas,
é ter a vida interior,
é ser gente

Autor desconhecido

15 de julho de 2009

O que fazer com as cenas que não são feitas à imagem e semelhança de Deus? Como concertar as imperfeições que deixamos pelo caminho, reparar injustiças que um dia aceitamos e amar as diferenças que não compreendemos?
Concluo, que são essas inquietações que não me deixam parar. Um dia desses, uma cena fez com que emergisse de meus solitários pensamentos: Duas mãos, uma delicada e ao mesmo tempo decidida, que apertava uma outra, pequena e indefesa. A primeira era de uma mãe, que num simples gesto denunciava todo o seu amor, a segunda era do filho, que crescerá com a certeza desse sentimento.
Foi impossível conter a lágrima que escorria e trazia consigo um eterno acreditar no amor. Bastou um pequeno gesto para entender a grandiosidade que há dentro de cada pessoa, apenas observando encontrei respostas e mais um motivo para continuar. É esse amor, que deveria ser a peça fundamental para mover a engrenagem e é sentindo que se vive.
Vida á qual todos tem direito, não importa se desse, ou do outro lado do mundo. Quando compreendidas todas as diferenças são belas. A cor da pele, a crença num ser maior, os sonhos e costumes. Mas muitas vezes, não enxergamos a única semelhança, que nos conduz a condição de ser humano: o desejo de alcançar a felicidade.
Poetas, autores e compositores anunciam em suas belas inspirações, essa ânsia por algo muito maior, não há como negar somos feitos para amar. Então por que tanta resistência? Até quando a intolerância guiará nossos atos? Quando deixaremos de ouvir a voz do poder, para escutarmos o choro de milhares de mães, que perdem seus filhos?

11 de julho de 2009

" A absoluta simplicidade e despojamento da vida que o homem levava nos tempos primitivos tinham pelo menos a vantagem de deixá-lo ser hóspede da natureza. Quando se sentia retemperado pelo alimento ou pelo sono, tinha a estrada novamente diante de si. Morava neste mundo como se fosse numa tenda e estava sempre palmilhando vales, cruzando planícies, galgando cumes de montanhas. Mas vejam só! Os homens se transformaram nos instrumentos dos seus instrumentos. Aquele que ma maior liberdade apanhava os frutos nas árvores quando sentia fome, tornou-se agricultor; o que se deixava ficar debaixo de uma árvore por abrigo, virou caseiro. Não mais acampamos por uma noite, mas nos instalamos na terra esquecidos do céu"

Henry Thoreau

8 de julho de 2009

Talese e suas pessoas

Observar a grama de um estádio de futebol e lembrar do responsável por mantê-la sempre bonita. Ir a uma luta de boxe e não prestar atenção nos lutadores e sim no juiz. Como entender essa sensibilidade que aflora dos textos de Gay Talese? Essa capacidade de desviar o olhar para a imensidão do céu e reconhecer cada estrela? Quem me responde é o próprio Talese. “Eu me interesso por pessoas, estou disposto a dedicar meu tempo a elas”.
Em entrevista, quase palestra, realizada no MASP (Museu de Artes de São Paulo) o percussor do chamado New Journalism falou de pessoas, sem as quais jamais teria tantas histórias para contar. Ao longo de mais de 50 anos de profissão, Talese transformou vidas em poesia. Mais que observadores, seus personagens fazem História.
O jornalista também falou de seus colegas de profissão, de maneira incisiva criticou a falta de compromisso com a verdade e o pouco envolvimento da imprensa com suas pautas e fontes. Mas Talese afirma, que sua fé no bom jornalismo continua intacta.
O que também continua igual é o estilo de vida do escritor, ele caminha pelas ruas do bairro onde mora, não usa internet e não tem celular. Conversa com todo mundo que chama sua atenção, seja um pedinte ou alguém que esteja numa fila de liquidação. Diria, que é um jornalista a moda antiga, daqueles que vivem o romantismo e cumprem o papel transformador da profissão.

6 de julho de 2009

"Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa em que a comida era fina, os vinhos abundantes e ol serviço impecável, mas faltavam sinceridade e verdade e fui-me embora do recinto inóspito, sentindo fome. A hospitalidade era fria como os sorvetes."
Henry David Thoreau
.

3 de julho de 2009

Arte e Histórias

Os artesãos contam um pouco da história de suas vidas e da praça, além de falarem dos problemas que acompanham a feira desde o seu início

Peças de madeira, metal, couro. Artigos japoneses, indianos, africanos. Roupas de lã e barbante, imagens de santos em madeira, incensos, pedras e instrumentos musicais. Todo final de semana é a mesma coisa, alguns artesãos mostram um pouco de sua imaginação, através das mais diferentes formas de arte, na feira de Artesanato da Praça da República.
Um deles é Nilton Cardoso, que faz do lixo, sua principal matéria prima. Nas mãos do artesão lixeiro, espelhos quebrados formam mosaicos, que dão origem à notas musicais, sois e luas. Pequenas caixas de madeira ganham adereços um tanto quanto diferentes como, pregos e clipes enferrujados. Sua banca, mais parece um antiquário, pois o lixo dá às peças, um ar antigo.
Ele expõe na praça, há quatro anos e já tem um público que conhece e admira seus artigos, mas, seus fiéis compradores são os estrangeiros. “Os europeus gostam muito do trabalho de reciclagem. Eles não se importam com o preço”, diz o artesão. Todo o material utilizado pelo artista provém de doações de pessoas, que já conhecem seu trabalho.
Nilton também fala das dificuldades enfrentadas pelos artesãos, como por exemplo, as obras do metrô e a falta de segurança. “Depois do início das obras, o número de turistas diminui. Também houve uma fuga de alguns expositores”.
O artesão Antonio Marcio Gusmão também compartilha da mesma opinião. Para ele, a feira hoje, está descaracterizada, perdeu um pouco da essência inicial. “As bancas estão todas amontoadas, não temos espaço para mostrar nosso trabalho, além de ter muitos produtos industrializados”. Ele também cita o descaso por parte da prefeitura, como outro grande problema do local.
Antonio trabalha com pedras e minérios e praticamente viu a feira nascer. Há 42 anos veio com a família de Vitória da Conquista, no interior da Bahia e já, naquela época, acompanhava o pai na feira. Hoje, é ele quem fala com propriedade das pedras e suas características. “As pedras são extraídas dos
Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e até mesmo de São Paulo. Os minérios estão presentes em todo lugar”. Ele também diz, que seus produtos se caracterizam como artigo para colecionadores ou para estudos, para uma classe mais seleta.
Já, os pontos de crochê, que nas mãos da artesã Benedita Lurdes Silva, se transformam em toucas, boinas e bolsas, agradam a muita gente. Sentada atrás de sua banca, com as mãos ocupadas em mais uma de suas criações, ela declara a paixão pela feira e pelo trabalho com as lãs. “Eu amo isso aqui, é minha vida”.

Os percalços e dificuldades
Mas esta paixão de Benedita, já esteve ameaçada por diversas vezes. Ela fala, que para garantir o direito ao trabalho, já participou de inúmeras passeatas e reuniões com a ex-prefeita da cidade, Marta Suplicy. Tudo isso, por que em 1991, o prefeito Celso Pitta, proibiu os artesãos de exporem na República, e a única alternativa, foi montar uma feira paralela, do outro lado da praça.
Desde o começo, a feira sempre esteve sob o risco de extinção, não havia um órgão responsável pela administração e organização das barracas, eram os próprios trabalhadores que tentavam se organizar. Hoje, é a prefeitura quem cuida da admissão de novos artistas, que precisam provar que são os responsáveis pela criação das peças, assim dificulta a venda de produtos industrializados.
Outra questão que é concesso entre os artistas é a segurança. Com o crescimento desenfreado e não planejado da cidade, aumentou também o número de excluídos que habitam os arredores da praça. Para tentar resolver esse problema, eles contrataram uma empresa particular, que garante a segurança do local, enquanto a feira acontece.

Cinqüenta anos atrás
Muitas foram as contribuições para a formação da feira como a conhecemos hoje. Tudo começou, lá pelos meados dos anos 50. Um grupo de filatelistas, pessoas que colecionam selos e moedas, se encontrava na praça da República, para trocar informações e artigos.
Enquanto isso começa a surgir, nos Estados Unidos, o movimento hippie. Os jovens daquela época resolveram abandonar casa e família e formar saciedades alternativas, em protesto contra a guerra do Vietnã. Mais tarde, esta ideologia de paz e amor se espalharia pelo resto do mundo.
Na praça da República, essa expressão se deu através da arte e foram os bichos grilos, que abriram espaço para os mais de 560 artesãos, que hoje, compõem a feira. O artesão Cosme da Silva Ferreira é um dos seguidores dessa ideologia. Ele se considera um hippie, pois na juventude, também abandonou a família para protestar contra a guerra e viver da sua arte. “Os hippies nasceram para protestar, nós somos contra a guerra”, diz Cosme.

29 de junho de 2009

Contrastes e Esperanças

Muitos são os problemas do Continente Africano, além das guerras civis, da extrema miséria e da latente desigualdade, que parece dividi-lo em dois, paira também sobre ele a indiferença do resto do mundo. Tudo isso só faz aumentar a cota de injustiças contra essa terra. Porém, a pele escura e o brilho do sorriso, não é o único contraste que caracteriza esse admirável povo. A força e a coragem, frente às pedras e abismos impostos aos negros, a alegria estampada nas cores, nos cantos e nas crenças permeiam os fios de esperança na humanidade.

29 de maio de 2009

Os palhaços e nós

Três palhaços se apresentam pelas ruas da cidade e buscam despertar nas pessoas a verdadeira arte de sorrir


Presente no imaginário infantil o palhaço é um personagem lúdico, que faz das circunstâncias e contrariedades da vida, um motivo para sorrir. E, numa espécie de picadeiro ao ar livre, em frente ao Teatro Municipal, no Centro da cidade, três dessas criaturas se propõem a cumprir esse papel.
Anderson Machado, 23, era técnico em eletrônica e mecatrônica, Fernando Proença, 20, trabalhava com informática e Edson Neves, 23, era motoboy. Hoje, com maquiagem e nariz vermelho, eles prendem a atenção de crianças e adultos que se divertem com as histórias e situações vividas pelos palhaços.
Cada vez que os malabares vão ao chão, um estrondo de gargalhadas vem à tona. O som do acordeão dá mais vida e alegria ao show e o malabarismo das facas, sobre dois garotos da platéia é o momento de maior atenção do respeitável público, mesmo as facas sendo de mentira.
O grupo, Circo sem futuro, pois vivemos no presente, geralmente, se apresenta aos finais de semana, no centro ou em parques da cidade. Para Fernando a rua é o melhor lugar para aperfeiçoar a arte. “Se você consegue chamar a atenção das pessoas, que passam apressadas, será capaz de fazer uma boa apresentação em qualquer lugar”.
Já Anderson, gosta da diversidade de ideias que encontra nos lugares onde se apresenta. “Nas ruas, você tem contato com muitas pessoas, o nosso público vai de moradores de rua a empresários”. Os rapazes também trocam experiências com outros artistas, que encontram no Beco do Aprendiz, um espaço aberto para manifestações artísticas, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
O grupo trabalha junto, há quase um ano, mas a paixão pela arte vem de muito tempo. Há 3 anos, Anderson largou seu emprego numa metalúrgica e desde então, se dedica a arte de rua. Mas nem só de piadas vivem os palhaços, eles também estudam e se esforçam ao máximo para aperfeiçoar seus números, além de contar com a inspiração do dia a dia.

23 de maio de 2009

Pequenas diferenças

Apenas um oceano, nada mais separa o Brasil das diversas Áfricas. São muitos os países, os dialetos, os costumes, as crenças, mas apenas uma nação. Um único povo, que carrega no sangue a vergonha de mais de 3 séculos de escravidão e o orgulho de firmar numa terra estranha raízes tão fortes, que já não se pode diferencia-las.
É nosso dever valorizar cada detalhe da cultura e da magia desse continente, berço da humanidade. Pagar uma dívida, que pertence a todos nós brasileiros. O que mais podemos fazer por eles? Eles, que já se tornaram nós! Essa miscigenação começou nas cozinhas das casas grandes, nas senzalas e nos quilombos.
Felizmente escravizamos apenas os corpos dos africanos, seus sentimentos e vontades mantiveram-se livres. Da indiferença do branco, fizeram um motivo para permanecerem negros, afirmando a identidade um continente inteiro.

1 de maio de 2009

Histórias versus Fronteiras


Sansakroma é um grupo contador de histórias, que ultrapassa todas as fronteiras e atravessa continentes, usando apenas a imaginação de seus ouvintes

Imagine um mundo onde toda história tivesse um final feliz e algo a nos ensinar, em que o doce som da flauta, em harmonia com os fortes acordes do violão, fizesse parte da trilha sonora de nossos aprendizados. Um lugar do sapo cantor, do cigano encantado e do africano que ama demais seu país para abandoná-lo. Não, esse mundo não existe apenas na minha imaginação, é possível vivê-lo em cada apresentação do Sansakroma.
Numa mistura de literatura, teatro, artes plásticas, dança, música e histórias, o projeto idealizado por Julio e Débora D’Zambê, leva alegria e magia a todas as crianças, não importa a idade. O próprio nome justifica essa missão, pois Sansakroma, é também o nome da ave africana que, na época do Apharteid protegia e abençoava os filhos dos refugiados.
Julio e Débora são pesquisadores da Cultura Popular e há seis anos procuram despertar a necessidade de uma reflexão por um mundo mais justo, com igualdade de oportunidades e respeito à todas as diferenças A banda nasceu do coral Cantos da Paz, extinto grupo que congregava refugiados e solicitantes de refúgio de diversos países africanos no Sesc do Carmo.
Desde então, o casal D’Zambê e os cantores africanos se propõem a disseminar uma cultura de paz e deixar o mundo mais colorido. “Queremos pegar as cores do arco-íris e coloca-las no coração de cada criança”, diz Débora.

Oitenta minutos para sonhar

Para sonhar é preciso ultrapassar fronteiras, por isso figuras tão brasileiras como Maria Bonita e um nordestino contador de histórias dividem o palco com cantos africanos e um índio que toca seu chocalho para a cigana dançar.
O Sansakroma reúne elementos culturais do Brasil, África e Cuba em suas apresentações. Aproxima lugares tão distantes geograficamente, mas com povos, costumes e culturas tão similares.O show começa sob o som da flauta que, nos lábios de Débora, arranca lágrimas de alguns espectadores e nas crianças, o efeito é de completo transe.
Enquanto isso, nas histórias de Julio, as mais mágicas criaturas ganham vida. Um sapo meio bicho-grilo adora seu violão e encanta a todos com suas canções, um pequeno cigano enfeitiçado, se torna grande por causa do amor e Romeu e Julieta vivem para contar sua história.
As fronteiras se tornam insignificantes diante de tantas manifestações culturais reunidas num só lugar. Até parece, que todos nos transportamos ao imaginário das crianças, onde só precisamos de 80 minutos e muita imaginação para percorrer o mundo.
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
(Nelson Mandela)

5 de abril de 2009

O som da fome







Na sala escura do CineSesc, as imagens passam angustiosamente pela grande tela, narrando histórias reais. O andar apressado daquelas que vão em busca da única esperança, pelo menos para aquele dia. Mas, no lugar marcado a esperança encontra seu destino, a ausência do alimento. Por todo o país a alegria impera, pois é feriado de Carnaval, mas na Comunidade Santa Rita, no Estado do Ceará, o leite para as crianças não chegou. A pessoa responsável não estava disponível, talvez também estivesse comemorando a maior festa do país. Os passos de volta são mais angustiantes, pela estrada seca e deserta as mães voltam de mãos vazias.
Assim começa Garapa, documentário de José Padilha, que imagem a imagem, mostra a corriqueira luta de mais de 800 milhões de pessoas contra a própria fome. A câmera do diretor capta cada detalhe da vida dessas pessoas, humanizando as estatísticas. O barulho da colher na lata enferrujada e da garapa enchendo a mamadeira das crianças, o choro do menino com dor de dente, as moscas que já não incomodam, mesmo quando pousam sobre as feridas dos pequenos e o cigarro na mão de quem procura, desesperadamente preparar algo para matar a fome dos seus. As cenas se repetem incessantemente, todos os dias, durante anos...
No quintal, a plantação morta, o solo seco e as crianças correndo nuas. A vida dos que moram no sertão, onde a chuva quase nunca cai, se resume na busca pelo alimento. A emoção fica por conta da humildade dessas pessoas, da eterna esperança mesmo diante do nada e da mais pura inocência com que as crianças comem a garapa ou o feijão com farinha, sem conhecer outro sabor.
Garapa não aborda apenas a questão da fome, trata de todos os males, que um Estado ausente e uma sociedade hipócrita podem causar. Mostra como algumas das necessidades mais básicas, como saneamento básico e um sistema de saúde decente, não chegam a muitos lugares do país. As deficiências do nosso país estão estampadas em cada rosto que compõe o documentário, rostos sofridos e cansados de não ter alternativa, a não ser a fome.

31 de março de 2009

Além de trens e passageiros a Estação da Luz abre as portas para os amantes da música




Em pé, com as mãos sobre o teclado arriscando algumas notas, Roque Viana faz o que pede o adesivo colado nas laterais do piano, "Toque-me, sou teu". Instalado na Estação da Luz, o instrumento chama a atenção de todos que passam e atrai um grupo de apaixonados pela música, que faz da estação uma verdadeira sala de espetáculos. Sentados no banquinho, preso por um cabo de aço, eles se revesam para apresentar as músicas que mais gostam.
Entre eles, Viana é o único que não sabe tocar o instrumento, no entanto, era o que mais prestava atenção, ao som que saia de dentro da caixa de madeira. Morador da Ponte Pequena, bairro da Zona Norte da cidade, vai à Estação da Luz, todo final de semana, apenas para prestigiar a música. Observando atentamente a dança das mãos dos que tocam, ele diz que tem muita vontade de aprender, mas lamenta não ter dinheiro para as aulas. "As pessoas não tem acesso, o piano é um instrumento muito caro", diz Viana.
Há 37 anos ele saiu da Bahia e conheceu músicos como Ray Charles e Elton Jonh, só por conta do piano. "Eu cheguei em São Paulo com 17 anos e peguei os melhores anos da música, hoje só tem porcaria", conta Viana. Enquanto a música toma conta da estação, várias pessoas se aproximam para ver melhor o que acontece. Ao som de Raul Seixas, José Aparecido, mais um apaixonado por música, diz "que o piano é puro sentimento, toca a alma".
Ele acredita que o instrumento é a melhor coisa que aconteceu à Estação da Luz. A idéia de espalhar pianos em diversas regiões da cidade partiu do artista inglês Luke Jerran e faz parte da Mostra Sesc de Artes. O projeto acabou em outubro do ano passado, mas o piano continua lá, fazendo a alegria de pessoas como Viana e Aparecido.

28 de março de 2009

Lixo é transformado no pão de cada dia para milhares de brasileiros

Por Anelize Gabriela

Sessenta por cento do que é produzido em alimentos no Brasil vai para o lixo. O Banco de Alimentos vem lutando para diminuir esse percentual e atende mais de 22 mil pessoas em situação de insegurança alimentar

No Brasil há nitidamente um paradoxo: o país é o quarto produtor mundial de alimentos e o sexto em subnutrição. Diariamente são desperdiçados cerca de 39 milhões de quilos de alimentos. Esse número seria suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar.
Segundo Relatório Anual da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) de 2004, o problema da fome mata uma criança a cada 5 minutos no mundo.
Com intuito de mudar esse quadro, surgiu há 10 anos, a primeira iniciativa civil do país. A ONG Banco de Alimentos, combate o problema da fome e do desperdício de alimentos e ainda promove educação e cidadania.
O trabalho é feito de três maneiras distintas e interligadas. A primeira é a ação assistencial, chamada de colheita urbana. O objetivo é buscar alimentos onde sobra e entregar onde falta. Os mantimentos são recolhidos em carros com acondicionamento e refrigeração e entregues para instituições beneficiadas pela ONG.
Os doadores são os hortifrutis, sacolões, indústrias alimentícias e supermercados. Quem recebe são os albergues, casas de apoio, asilos e creches.

Os alimentos doados são as chamadas sobras de comercialização, que é tudo aquilo que não tem valor de venda, por estar próximo da data de validade. Ou as sobras de produção, que são os alimentos que não passaram no controle de qualidade da empresa, mas que ainda está próprio para consumo, dentro da data de validade, embalado e etiquetado.

"Para que a instituição seja aceita no programa de doações de alimentos é feito um pré-cadastro. Nesse processo, é avaliado se o alimento realmente tem seu aproveitamento integral na instituição e se a mesma fornece algo além de assistência social. Ela deve gerar alguma ação educativa no local, que reinsira esses cidadãos, atingidos pela fome na sociedade", diz Aline Rissatto Teixeira, nutricionista do Banco de Alimentos.



A segunda maneira é promover ações profiláticas e educativas, através de cursos e projetos. A terceira visa expandir o conhecimento sobre má distribuição, reaproveitamento e benefícios dos alimentos, para fora das áreas circunscritas da fome. Conscientizando também aqueles que não sofrem com o problema.
"Não aproveitamos os alimentos em sua totalidade, folhas e talos vão para o lixo. Jogamos fora saúde, oportunidade de ajudar quem precisa, prejudicamos a natureza, pois mesmo um lixo orgânico quando não tratado produz chorume, contaminando o solo. Nossa missão é conscientizar da importância do respeito ao ser humano e ao meio ambiente", explica Aline.


27 de março de 2009

Quando o lixo não faz o papel de lixo


Nas mãos do artesão militante as bitucas de cigarro ganham forma e nos lembram o quanto devemos cuidar do nosso planeta


Sentado no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), fazendo arte, falando e gesticulando com muita desenvoltura e entusiasmo. Esse é Antonio José da Silva, um hippie que faz da arte, fruto das suas experiências, um canal de conscientização.

Piauí, como é conhecido, sai do Jardim Alegre, Zona Norte de São Paulo e vai até a Avenida Paulista, somente com um propósito, expressar sua indignação contra o desrespeito ao meio ambiente. Nas suas obras é possível enxergar seu amor pela natureza.

Usando bitucas de cigarro, ele criou o “Troféu da Morte”. Uma espécie de globo terrestre que representa o quanto nosso planeta está poluído. Mesmo dependendo do lixo, Piauí afirma que é muito triste ver tanta sujeira, “eu uso o lixo para fazer arte, mas não queria encontrá-lo nas ruas".

A idéia de fazer um protesto contra a sujeira surgiu, quando Piauí viu uma de suas filhas, brincar com uma bituca nas areias de Cananéia, Litoral Sul de São Paulo. A partir daí, começou a reparar nas pessoas e fez uma pesquisa onde constatou, que de 100 fumantes, somente três não jogaram os restos de cigarros no chão.

“A Terra está sentindo uma coceirinha em todos os cantos, por inteiro. Por que ela é viva", diz Piauí, ao explicar as conseqüências do lixo na natureza. Para ele, o importante é atingir o maior número possível de pessoas e segundo dados da Secretária de Estado da Saúde (SES), ele tem muito a fazer.

Apenas em São Paulo, mais de 60% dos fumantes consomem ao menos 40 cigarros por dia. Levando em consideração esses números, é possível ter uma idéia de quantas bitucas esses fumantes produzem diariamente.

A intenção de Piauí, não parece ser mesmo parar de protestar. A qualquer um que se aproxime, ele fala de suas idéias e projetos, sempre deixando transparecer seu inconformismo diante de tudo que vê.

Com a quantidade de bitucas de cigarro que recolheu nas ruas, o hippie fez dois Troféus da Morte. Um foi comprado por um canadense, que o levou para seu país e o outro circula pelas alamedas e prédios da região da Avenida Paulista.

24 de março de 2009

Pedaços da felicidade...

Quero um sonho para continuar a viver e uma esperança para continuar a sonhar.
Bons amigos para não deixar de acreditar, também um grande amor para compartilhar e apenas uma casa de frente para o mar!

13 de fevereiro de 2009

Fazer sentido...

...sentimento, sentir o que mais posso dizer? Esse vazio não é normal, não pode ser. Você acredita no fracasso de nossas relações?O que realmente te faz viver?
Ora, a vida não é feita de verdades absolutas, fingimos fazer parte de um grupo, de uma classe, de uma sociedade. Tudo isso se torna infinitamente ridículo quando pensamos na solidão de cada um, não na ausência de pessoas, mas na falta de sentimentos.
Você sabe me explicar o que é o amor ou a amizade? Sabe descrever a experiência de chorar em um colo, de ser útil a alguém? Já experimentou, só uma vez, abrir os braços de frente para o mar e sentir o vento tocar seu rosto enquanto sussurra o que realmente faz sentido?
Apresento-lhe a vida, apresento este constante pensar na utopia, ter a alma repleta de poesia, o pensamento longe e razão e emoção em completa harmonia. Apresento o pulsar do coração, a incontrolável vontade de ser e a inefável sensação de vida correndo nas veias. É irônico pensar, que não consigo expressar em palavras a grandeza da simplicidade que me faz feliz, o melhor a fazer é nem tentar, vou vivendo e quem sabe um dia, quando o coração sossegar.

Paradoxo

Quase não reconheço essa força que erradia a luz da esperança, ela é quase uma utopia, quase um sonho. Mas, nesse caso, quase é o mesmo que possível. Enxergo nos olhos de algumas pessoas a ternura de uma eterna criança e a serenidade de um Jesus e busco nesses olhos uma razão para não desistir, para reafirmar que esse quase é tudo, tudo o que sou capaz de fazer.
As palavras se fazem quase inexistentes diante de tanta inocência e ternura, que mesmo em face do abandono estão presentes, mesmo sob olhos tão tristes... Os sonhos foram feitos para se realizarem, o abraço para doar-se inteiramente na troca de calor e energia humanos, não quero acreditar que a humanidade tenha se esquecido disso. Não posso mais viver assim, como o vento que sopra sem rumo. Preciso encontrar meu refúgio, minha batalha, meu ideal. A humanidade se mostra tão grande, tão impensável e inatingível. Procuro agora as palavras soltas em minha mente, reorganizar meus pensamentos e conhecer meus sentimentos. Um mix de saudade, desespero, felicidade, solidão, esperança e dor.
Ah Deus, como desejo desamarrar minhas mãos, abrir meus olhos e buscar algo muito maior que isso. Será possível ler essas palavras? Consegue enxergar nas entrelinhas a divisão da minha alma? De um lado essa vontade de mudar tudo, acolher em meu coração a todos que sofrem sozinhos, do outro essa enorme saudade, que rasga o peito e faz pensar apenas em mim.

12 de fevereiro de 2009

30 de janeiro de 2009

Nesses encontros e desencontros que fazem a vida acontecer, me perco em cada esquina, em todas as noites de lua cheia, em olhares solitários e lembranças do passado. Quase não acredito nos rumos que a vida tomou, tudo parecia ser tão eterno, triste é reconhecer que eram apenas sensações juvenis.
Não posso afirmar com certeza o que sinto agora, por enquanto tudo é muito incerto. Novos rostos e velhas dores, além das inúmeras mais que aprendi a enxergar com o passar do tempo.

27 de janeiro de 2009

Bonecos ou humanos?

Quem passou pela Avenida Paulista, nesta segunda-feira (26.01) pode conhecer Antonio Carlos Miranda e seus bonecos. Não, não se trata de nenhuma peça de fantoches ou coisa parecida, o que se deu em frente ao Parque Trianon Masp é uma demonstração das grandes contrariedades humanas. Antonio Carlos esculpiu bonecos em forma de mendigos e os deixou lá, para quem os quisesse ver. Para completar a apresentação, o poeta Sandro Maciel recitava em um alto-falante, seus poemas que também tinham como tema moradores de rua.
A movimentação não cessou enquanto artitas e bonecos estavam por lá, todos queriam ver os mendigos virtuais. O que mais chamava a atenção dos transeuntes era a semelhança dos bonecos com seres humanos, mas quantas vezes também não fingimos passar diante de bonecos?
Os artistas realmente conseguiram chocar as pessoas, mas receio que não tenham atingido seus verdadeiros objetivos. Os espectadores não perceberam o significado daquele ato e não se deram conta de quão corriqueira é essa cena. No tempo em que estive lá, apenas vi flashes de câmeras e expressões de admiração, infelizmente nenhuma reflexão. Apenas Antonio Carlos fazia questão de lembrar dos verdadeiros marginalizados.
Foi preciso uma representação para as pessoas enxergarem o real, nada como viver numa sociedade de espetáculo!

Para conhecer um pouco mais: www.casagaleria.com.br

23 de janeiro de 2009

Poesia não feita

Não sei fazer poesia
Apenas admiro as pequenas coisas da vida
Assim como também o faz um poema
Que em leves palavras
Flutuando por meus ouvidos
Aliviam dores e reacendem esperanças.

Enquanto tudo acontece, na simplicidade dos seus pensamentos.
Encontro meu coração, minha beleza e meu lugar
Encontro também a reflexão
As lágrimas escorrem por algum lugar aqui dentro
Tão perdidas quanto eu

A confusão instaurada entre a vida e a entrega
Entre a estrada e o acolhimento
Ah! Senhor! O que fazer?
Como saber se estou certa ou apenas enganada pelo desejo?
Como gostaria de sentir todos os sorrisos em mim
Dissipar dores, amparar lágrimas inocentes e viver tudo em apenas uma vida
Ser tudo apenas em um templo, um espaço

7 de janeiro de 2009

Dores da Guerra

Mais uma vez o mundo está diante de mais uma selvageria. De mãos atadas assistimos o extermínio de mais uma parcela da humanidade. Mais que humanos essas pessoas são pais, mães e filhos. De novo, a outra parcela da humanidade, a parte bruta e ignorante, sacrifica a paz em favor de seus interesses. Não aprendemos nada com as lições do passado, não basta a insanidade de duas Guerras Mundiais, não chega a dor e as lágrimas dos que viram seus amados morrerem inocentemente.
Aqui do outro lado, a vida transcorre normalmente, assistimos às imagens da total destruição. É insano pensar que, a morte de 100 crianças não sensibilize, não machuque os corações dos donos do caos. Não se pode mensurar a agonia desses pais, ela não cabe em estatísticas nem fazem parte dos números dos horrores da Guerra.
Enquanto líderes mundiais se trancam em reuniões, vidas preciosas são perdidas. Não sentem que cada minuto é uma eternidade, não compreendem que não há tempo a perder e sim vidas. Quanto vale uma vida? Quanto vale um pequeno coração, que ao parar de pulsar mancha, mais uma vez, de sangue a história da humanidade?
A nós resta uma reflexão. Temos o livre arbitro, temos consciência de nossas ações e conseqüências, que nesse caso são lamentáveis e irreparáveis. A confiança em Deus justo e piedoso, talvez seja o que me leve a escrever essas palavras. De quem podemos esperar uma solução? Se o poder está nas mãos dos que causaram o problema?
Em meio ao desespero e agonia que, as lembranças das imagens me trazem, a única saída é orar, acreditar num conforto para as centenas de corações e amor para as poucas mentes que estão à frente da destruição.

4 de janeiro de 2009

Mais uma vez percebo a importância dos amigos e dos que nos querem bem. O tempo e a distâcia não apagam do coração e das lembranças os bons e maus momentos compartilhados com aqueles que deixaram marcas profundas e eternas em minha essência. Enquanto a saudade aumenta, cresce também a certeza de um mundo mais humano. Quase não acredito nesse sentimento tão forte, chego a não me reconhecer.
Dedico esses sentimentos aos antigos e novos amigos, aos que nem sempre estão por perto, aos que sempre tem um minuto para ouvir as eternas reclamações, aos que deixaram um grande vazio, que talvez um dia será preenchido. Aos que estão muito longe e aos que nunca mais voltarão. Confesso que todos fazem muita falta, as ruas já não são as mesmas, alguns dias passam sem fazer nenhum sentido, pois não encontro um lugar seguro para chorar. As velhas confidências deixaram de ser constantes, aqueles sonhos não se realizaram e algumas esperanças não resisitiram, deram lugar a uma cruel certeza de que nada é para sempre. O que escrevo nunca será o bastante para expressar o imenso vazio que esses anos deixaram. Espero, pelo menos, deixar claro que, ainda tento ser eu. Continuarei carregando palavras, canções e desejos.