22 de setembro de 2009

A menina que transgride a imobilidade

Aline nasceu sem mobilidade, mas sua postura diante da vida a fez superar sua deficiência



A história de Alice Gonçalves Messias e Manoel Messias pode se confundir com a de muitos outros brasileiros. Ela nasceu em Dourado, Mato Grosso do Sul e ele, Ceará. Ambos chegaram em São Paulo com a esperança de traçar um destino diferente. Conheceram-se, se apaixonaram e casaram. Porém, o nascimento de sua primeira filha, deu um novo rumo a história do jovem casal.
Aline já era esperada muito antes de sua concepção. Dois cômodos erguidos na comunidade de Heliópolis e o sonho de constituir família os levaram a planejar a gravidez. E assim aconteceu. No dia 17 de dezembro de 1989, Alice não estava em condições de ter parto normal, mas mesmo assim, os médicos do Hospital do Servidor Público (Sepaco) esperaram pela dilatação, que não ocorreu.
Naquele dia, Alice não ouviu sua filha chorar, a demora no atendimento não deixou o oxigênio chegar ao cérebro de Aline, que teve sua coordenação motora afetada. “Ela nasceu bem pequena. A falta de oxigênio fez com que ela não chorasse”, lembra a mãe.
Depois de um mês na incubadora, a menina nasceu outra vez e o lugar escolhido pela família, para agradecer a primeira vitória de muitas outras, foi a igreja São José. A partir daí, os hospitais se tornaram rotina na vida do casal. Sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, tudo o que era possível, para a recuperação da filha. Além de tratamentos médicos, ela também recebia muito carinho dos amigos, que fez entre as idas e vindas das consultas e terapias. “Aos sábados, o ponto de encontro dos meus amigos era minha casa”, conta Aline.
As primeiras tentativas de caminhar, só aconteceram aos cinco anos e sua primeira crise de convulsão, também. Aos 12, passou por uma cirurgia, que deu mais movimento a uma de suas pernas e firmeza nos quadris. Após 90 dias com o pé engessado, em recuperação de uma segunda operação, Aline dançou em seu baile de debutante. “A festa de 15 anos da Aline foi uma vitória, todo mundo chorou”, conta Alice com os olhos cheios de lágrima.
Com apenas 19 anos, superando obstáculos em seu caminho como a falta de oxigênio e de mobilidade, Aline já amadureceu com as suas experiências. Há dez anos não tem convulsão, com a chegada de Matheus, passou a ser a irmã mais velha, trabalha, faz faculdade e conquista a todos por onde passa.

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