31 de março de 2009

Além de trens e passageiros a Estação da Luz abre as portas para os amantes da música




Em pé, com as mãos sobre o teclado arriscando algumas notas, Roque Viana faz o que pede o adesivo colado nas laterais do piano, "Toque-me, sou teu". Instalado na Estação da Luz, o instrumento chama a atenção de todos que passam e atrai um grupo de apaixonados pela música, que faz da estação uma verdadeira sala de espetáculos. Sentados no banquinho, preso por um cabo de aço, eles se revesam para apresentar as músicas que mais gostam.
Entre eles, Viana é o único que não sabe tocar o instrumento, no entanto, era o que mais prestava atenção, ao som que saia de dentro da caixa de madeira. Morador da Ponte Pequena, bairro da Zona Norte da cidade, vai à Estação da Luz, todo final de semana, apenas para prestigiar a música. Observando atentamente a dança das mãos dos que tocam, ele diz que tem muita vontade de aprender, mas lamenta não ter dinheiro para as aulas. "As pessoas não tem acesso, o piano é um instrumento muito caro", diz Viana.
Há 37 anos ele saiu da Bahia e conheceu músicos como Ray Charles e Elton Jonh, só por conta do piano. "Eu cheguei em São Paulo com 17 anos e peguei os melhores anos da música, hoje só tem porcaria", conta Viana. Enquanto a música toma conta da estação, várias pessoas se aproximam para ver melhor o que acontece. Ao som de Raul Seixas, José Aparecido, mais um apaixonado por música, diz "que o piano é puro sentimento, toca a alma".
Ele acredita que o instrumento é a melhor coisa que aconteceu à Estação da Luz. A idéia de espalhar pianos em diversas regiões da cidade partiu do artista inglês Luke Jerran e faz parte da Mostra Sesc de Artes. O projeto acabou em outubro do ano passado, mas o piano continua lá, fazendo a alegria de pessoas como Viana e Aparecido.

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