27 de março de 2009

Quando o lixo não faz o papel de lixo


Nas mãos do artesão militante as bitucas de cigarro ganham forma e nos lembram o quanto devemos cuidar do nosso planeta


Sentado no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), fazendo arte, falando e gesticulando com muita desenvoltura e entusiasmo. Esse é Antonio José da Silva, um hippie que faz da arte, fruto das suas experiências, um canal de conscientização.

Piauí, como é conhecido, sai do Jardim Alegre, Zona Norte de São Paulo e vai até a Avenida Paulista, somente com um propósito, expressar sua indignação contra o desrespeito ao meio ambiente. Nas suas obras é possível enxergar seu amor pela natureza.

Usando bitucas de cigarro, ele criou o “Troféu da Morte”. Uma espécie de globo terrestre que representa o quanto nosso planeta está poluído. Mesmo dependendo do lixo, Piauí afirma que é muito triste ver tanta sujeira, “eu uso o lixo para fazer arte, mas não queria encontrá-lo nas ruas".

A idéia de fazer um protesto contra a sujeira surgiu, quando Piauí viu uma de suas filhas, brincar com uma bituca nas areias de Cananéia, Litoral Sul de São Paulo. A partir daí, começou a reparar nas pessoas e fez uma pesquisa onde constatou, que de 100 fumantes, somente três não jogaram os restos de cigarros no chão.

“A Terra está sentindo uma coceirinha em todos os cantos, por inteiro. Por que ela é viva", diz Piauí, ao explicar as conseqüências do lixo na natureza. Para ele, o importante é atingir o maior número possível de pessoas e segundo dados da Secretária de Estado da Saúde (SES), ele tem muito a fazer.

Apenas em São Paulo, mais de 60% dos fumantes consomem ao menos 40 cigarros por dia. Levando em consideração esses números, é possível ter uma idéia de quantas bitucas esses fumantes produzem diariamente.

A intenção de Piauí, não parece ser mesmo parar de protestar. A qualquer um que se aproxime, ele fala de suas idéias e projetos, sempre deixando transparecer seu inconformismo diante de tudo que vê.

Com a quantidade de bitucas de cigarro que recolheu nas ruas, o hippie fez dois Troféus da Morte. Um foi comprado por um canadense, que o levou para seu país e o outro circula pelas alamedas e prédios da região da Avenida Paulista.

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