28 de março de 2009

Lixo é transformado no pão de cada dia para milhares de brasileiros

Por Anelize Gabriela

Sessenta por cento do que é produzido em alimentos no Brasil vai para o lixo. O Banco de Alimentos vem lutando para diminuir esse percentual e atende mais de 22 mil pessoas em situação de insegurança alimentar

No Brasil há nitidamente um paradoxo: o país é o quarto produtor mundial de alimentos e o sexto em subnutrição. Diariamente são desperdiçados cerca de 39 milhões de quilos de alimentos. Esse número seria suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar.
Segundo Relatório Anual da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) de 2004, o problema da fome mata uma criança a cada 5 minutos no mundo.
Com intuito de mudar esse quadro, surgiu há 10 anos, a primeira iniciativa civil do país. A ONG Banco de Alimentos, combate o problema da fome e do desperdício de alimentos e ainda promove educação e cidadania.
O trabalho é feito de três maneiras distintas e interligadas. A primeira é a ação assistencial, chamada de colheita urbana. O objetivo é buscar alimentos onde sobra e entregar onde falta. Os mantimentos são recolhidos em carros com acondicionamento e refrigeração e entregues para instituições beneficiadas pela ONG.
Os doadores são os hortifrutis, sacolões, indústrias alimentícias e supermercados. Quem recebe são os albergues, casas de apoio, asilos e creches.

Os alimentos doados são as chamadas sobras de comercialização, que é tudo aquilo que não tem valor de venda, por estar próximo da data de validade. Ou as sobras de produção, que são os alimentos que não passaram no controle de qualidade da empresa, mas que ainda está próprio para consumo, dentro da data de validade, embalado e etiquetado.

"Para que a instituição seja aceita no programa de doações de alimentos é feito um pré-cadastro. Nesse processo, é avaliado se o alimento realmente tem seu aproveitamento integral na instituição e se a mesma fornece algo além de assistência social. Ela deve gerar alguma ação educativa no local, que reinsira esses cidadãos, atingidos pela fome na sociedade", diz Aline Rissatto Teixeira, nutricionista do Banco de Alimentos.



A segunda maneira é promover ações profiláticas e educativas, através de cursos e projetos. A terceira visa expandir o conhecimento sobre má distribuição, reaproveitamento e benefícios dos alimentos, para fora das áreas circunscritas da fome. Conscientizando também aqueles que não sofrem com o problema.
"Não aproveitamos os alimentos em sua totalidade, folhas e talos vão para o lixo. Jogamos fora saúde, oportunidade de ajudar quem precisa, prejudicamos a natureza, pois mesmo um lixo orgânico quando não tratado produz chorume, contaminando o solo. Nossa missão é conscientizar da importância do respeito ao ser humano e ao meio ambiente", explica Aline.


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