23 de setembro de 2009

O ônibus









Do lado de fora, nem imaginava o que presenciaria dentro do ônibus. Enquanto eu passava pela catraca, vi um homem sentado no braço do primeiro banco. Ele tocava e cantava Metamorfose Ambulante, uma das canções mais emblemáticas do Maluco Beleza. Impossível foi conter o sorriso e a vontade de cantar e, para aumentar minha alegria, outras pessoas também cantavam e sorriam.
Lá fora, a mesma rotina corria pela Avenida Paes de Barros, mas dentro do ônibus a inesperada atitude daquele homem suscitou questões sobre nossa realidade. Por que também não fazer o mesmo? Por que devemos sempre, nos comportar como esperam as pessoas? Por que não surpreendê-las? Sempre admirei quem não tem vergonha de viver, como aquele homem, que por apenas copiar as canções, não se considera um músico profissional. Mas para mim, ele se revelou um original ser humano.
É impressionante como, às vezes, um simples ato pode carregar tantos significados. Naquela noite, as notas do velho violão reafirmaram minha grande paixão pela música e me mostraram uma face da vida, que já havia esquecido. Oxalá, que encontrasse mais pessoas como esse desconhecido. Pena, que logo o homem desceu, levou consigo seu violão e sua música. No ônibus, fiquei eu com minhas reflexões e o mesmo tagarelar das mesmas velhas pessoas.

Um comentário:

Letycia Holanda disse...

Heita, Mi...os sonhos do teu coração parecem não encontrar espaço dentro de ti...
"Não deixa o pé tocar o chão
Voa solto no abstrato
E voa
livre livre..............."
Beijos