"Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa em que a comida era fina, os vinhos abundantes e ol serviço impecável, mas faltavam sinceridade e verdade e fui-me embora do recinto inóspito, sentindo fome. A hospitalidade era fria como os sorvetes."
Henry David Thoreau
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6 de julho de 2009
3 de julho de 2009
Arte e Histórias
Os artesãos contam um pouco da história de suas vidas e da praça, além de falarem dos problemas que acompanham a feira desde o seu início
Peças de madeira, metal, couro. Artigos japoneses, indianos, africanos. Roupas de lã e barbante, imagens de santos em madeira, incensos, pedras e instrumentos musicais. Todo final de semana é a mesma coisa, alguns artesãos mostram um pouco de sua imaginação, através das mais diferentes formas de arte, na feira de Artesanato da Praça da República.
Um deles é Nilton Cardoso, que faz do lixo, sua principal matéria prima. Nas mãos do artesão lixeiro, espelhos quebrados formam mosaicos, que dão origem à notas musicais, sois e luas. Pequenas caixas de madeira ganham adereços um tanto quanto diferentes como, pregos e clipes enferrujados. Sua banca, mais parece um antiquário, pois o lixo dá às peças, um ar antigo.
Ele expõe na praça, há quatro anos e já tem um público que conhece e admira seus artigos, mas, seus fiéis compradores são os estrangeiros. “Os europeus gostam muito do trabalho de reciclagem. Eles não se importam com o preço”, diz o artesão. Todo o material utilizado pelo artista provém de doações de pessoas, que já conhecem seu trabalho.
Nilton também fala das dificuldades enfrentadas pelos artesãos, como por exemplo, as obras do metrô e a falta de segurança. “Depois do início das obras, o número de turistas diminui. Também houve uma fuga de alguns expositores”.
O artesão Antonio Marcio Gusmão também compartilha da mesma opinião. Para ele, a feira hoje, está descaracterizada, perdeu um pouco da essência inicial. “As bancas estão todas amontoadas, não temos espaço para mostrar nosso trabalho, além de ter muitos produtos industrializados”. Ele também cita o descaso por parte da prefeitura, como outro grande problema do local.
Antonio trabalha com pedras e minérios e praticamente viu a feira nascer. Há 42 anos veio com a família de Vitória da Conquista, no interior da Bahia e já, naquela época, acompanhava o pai na feira. Hoje, é ele quem fala com propriedade das pedras e suas características. “As pedras são extraídas dos
Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e até mesmo de São Paulo. Os minérios estão presentes em todo lugar”. Ele também diz, que seus produtos se caracterizam como artigo para colecionadores ou para estudos, para uma classe mais seleta.
Já, os pontos de crochê, que nas mãos da artesã Benedita Lurdes Silva, se transformam em toucas, boinas e bolsas, agradam a muita gente. Sentada atrás de sua banca, com as mãos ocupadas em mais uma de suas criações, ela declara a paixão pela feira e pelo trabalho com as lãs. “Eu amo isso aqui, é minha vida”.
Os percalços e dificuldades
Mas esta paixão de Benedita, já esteve ameaçada por diversas vezes. Ela fala, que para garantir o direito ao trabalho, já participou de inúmeras passeatas e reuniões com a ex-prefeita da cidade, Marta Suplicy. Tudo isso, por que em 1991, o prefeito Celso Pitta, proibiu os artesãos de exporem na República, e a única alternativa, foi montar uma feira paralela, do outro lado da praça.
Desde o começo, a feira sempre esteve sob o risco de extinção, não havia um órgão responsável pela administração e organização das barracas, eram os próprios trabalhadores que tentavam se organizar. Hoje, é a prefeitura quem cuida da admissão de novos artistas, que precisam provar que são os responsáveis pela criação das peças, assim dificulta a venda de produtos industrializados.
Outra questão que é concesso entre os artistas é a segurança. Com o crescimento desenfreado e não planejado da cidade, aumentou também o número de excluídos que habitam os arredores da praça. Para tentar resolver esse problema, eles contrataram uma empresa particular, que garante a segurança do local, enquanto a feira acontece.
Cinqüenta anos atrás
Muitas foram as contribuições para a formação da feira como a conhecemos hoje. Tudo começou, lá pelos meados dos anos 50. Um grupo de filatelistas, pessoas que colecionam selos e moedas, se encontrava na praça da República, para trocar informações e artigos.
Enquanto isso começa a surgir, nos Estados Unidos, o movimento hippie. Os jovens daquela época resolveram abandonar casa e família e formar saciedades alternativas, em protesto contra a guerra do Vietnã. Mais tarde, esta ideologia de paz e amor se espalharia pelo resto do mundo.
Na praça da República, essa expressão se deu através da arte e foram os bichos grilos, que abriram espaço para os mais de 560 artesãos, que hoje, compõem a feira. O artesão Cosme da Silva Ferreira é um dos seguidores dessa ideologia. Ele se considera um hippie, pois na juventude, também abandonou a família para protestar contra a guerra e viver da sua arte. “Os hippies nasceram para protestar, nós somos contra a guerra”, diz Cosme.
Peças de madeira, metal, couro. Artigos japoneses, indianos, africanos. Roupas de lã e barbante, imagens de santos em madeira, incensos, pedras e instrumentos musicais. Todo final de semana é a mesma coisa, alguns artesãos mostram um pouco de sua imaginação, através das mais diferentes formas de arte, na feira de Artesanato da Praça da República.
Um deles é Nilton Cardoso, que faz do lixo, sua principal matéria prima. Nas mãos do artesão lixeiro, espelhos quebrados formam mosaicos, que dão origem à notas musicais, sois e luas. Pequenas caixas de madeira ganham adereços um tanto quanto diferentes como, pregos e clipes enferrujados. Sua banca, mais parece um antiquário, pois o lixo dá às peças, um ar antigo.
Ele expõe na praça, há quatro anos e já tem um público que conhece e admira seus artigos, mas, seus fiéis compradores são os estrangeiros. “Os europeus gostam muito do trabalho de reciclagem. Eles não se importam com o preço”, diz o artesão. Todo o material utilizado pelo artista provém de doações de pessoas, que já conhecem seu trabalho.
Nilton também fala das dificuldades enfrentadas pelos artesãos, como por exemplo, as obras do metrô e a falta de segurança. “Depois do início das obras, o número de turistas diminui. Também houve uma fuga de alguns expositores”.
O artesão Antonio Marcio Gusmão também compartilha da mesma opinião. Para ele, a feira hoje, está descaracterizada, perdeu um pouco da essência inicial. “As bancas estão todas amontoadas, não temos espaço para mostrar nosso trabalho, além de ter muitos produtos industrializados”. Ele também cita o descaso por parte da prefeitura, como outro grande problema do local.
Antonio trabalha com pedras e minérios e praticamente viu a feira nascer. Há 42 anos veio com a família de Vitória da Conquista, no interior da Bahia e já, naquela época, acompanhava o pai na feira. Hoje, é ele quem fala com propriedade das pedras e suas características. “As pedras são extraídas dos
Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e até mesmo de São Paulo. Os minérios estão presentes em todo lugar”. Ele também diz, que seus produtos se caracterizam como artigo para colecionadores ou para estudos, para uma classe mais seleta.
Já, os pontos de crochê, que nas mãos da artesã Benedita Lurdes Silva, se transformam em toucas, boinas e bolsas, agradam a muita gente. Sentada atrás de sua banca, com as mãos ocupadas em mais uma de suas criações, ela declara a paixão pela feira e pelo trabalho com as lãs. “Eu amo isso aqui, é minha vida”.
Os percalços e dificuldades
Mas esta paixão de Benedita, já esteve ameaçada por diversas vezes. Ela fala, que para garantir o direito ao trabalho, já participou de inúmeras passeatas e reuniões com a ex-prefeita da cidade, Marta Suplicy. Tudo isso, por que em 1991, o prefeito Celso Pitta, proibiu os artesãos de exporem na República, e a única alternativa, foi montar uma feira paralela, do outro lado da praça.
Desde o começo, a feira sempre esteve sob o risco de extinção, não havia um órgão responsável pela administração e organização das barracas, eram os próprios trabalhadores que tentavam se organizar. Hoje, é a prefeitura quem cuida da admissão de novos artistas, que precisam provar que são os responsáveis pela criação das peças, assim dificulta a venda de produtos industrializados.
Outra questão que é concesso entre os artistas é a segurança. Com o crescimento desenfreado e não planejado da cidade, aumentou também o número de excluídos que habitam os arredores da praça. Para tentar resolver esse problema, eles contrataram uma empresa particular, que garante a segurança do local, enquanto a feira acontece.
Cinqüenta anos atrás
Muitas foram as contribuições para a formação da feira como a conhecemos hoje. Tudo começou, lá pelos meados dos anos 50. Um grupo de filatelistas, pessoas que colecionam selos e moedas, se encontrava na praça da República, para trocar informações e artigos.
Enquanto isso começa a surgir, nos Estados Unidos, o movimento hippie. Os jovens daquela época resolveram abandonar casa e família e formar saciedades alternativas, em protesto contra a guerra do Vietnã. Mais tarde, esta ideologia de paz e amor se espalharia pelo resto do mundo.
Na praça da República, essa expressão se deu através da arte e foram os bichos grilos, que abriram espaço para os mais de 560 artesãos, que hoje, compõem a feira. O artesão Cosme da Silva Ferreira é um dos seguidores dessa ideologia. Ele se considera um hippie, pois na juventude, também abandonou a família para protestar contra a guerra e viver da sua arte. “Os hippies nasceram para protestar, nós somos contra a guerra”, diz Cosme.
29 de junho de 2009
Contrastes e Esperanças
Muitos são os problemas do Continente Africano, além das guerras civis, da extrema miséria e da latente desigualdade, que parece dividi-lo em dois, paira também sobre ele a indiferença do resto do mundo. Tudo isso só faz aumentar a cota de injustiças contra essa terra. Porém, a pele escura e o brilho do sorriso, não é o único contraste que caracteriza esse admirável povo. A força e a coragem, frente às pedras e abismos impostos aos negros, a alegria estampada nas cores, nos cantos e nas crenças permeiam os fios de esperança na humanidade.
29 de maio de 2009
Os palhaços e nós
Três palhaços se apresentam pelas ruas da cidade e buscam despertar nas pessoas a verdadeira arte de sorrir
Presente no imaginário infantil o palhaço é um personagem lúdico, que faz das circunstâncias e contrariedades da vida, um motivo para sorrir. E, numa espécie de picadeiro ao ar livre, em frente ao Teatro Municipal, no Centro da cidade, três dessas criaturas se propõem a cumprir esse papel.
Anderson Machado, 23, era técnico em eletrônica e mecatrônica, Fernando Proença, 20, trabalhava com informática e Edson Neves, 23, era motoboy. Hoje, com maquiagem e nariz vermelho, eles prendem a atenção de crianças e adultos que se divertem com as histórias e situações vividas pelos palhaços.
Cada vez que os malabares vão ao chão, um estrondo de gargalhadas vem à tona. O som do acordeão dá mais vida e alegria ao show e o malabarismo das facas, sobre dois garotos da platéia é o momento de maior atenção do respeitável público, mesmo as facas sendo de mentira.
O grupo, Circo sem futuro, pois vivemos no presente, geralmente, se apresenta aos finais de semana, no centro ou em parques da cidade. Para Fernando a rua é o melhor lugar para aperfeiçoar a arte. “Se você consegue chamar a atenção das pessoas, que passam apressadas, será capaz de fazer uma boa apresentação em qualquer lugar”.
Já Anderson, gosta da diversidade de ideias que encontra nos lugares onde se apresenta. “Nas ruas, você tem contato com muitas pessoas, o nosso público vai de moradores de rua a empresários”. Os rapazes também trocam experiências com outros artistas, que encontram no Beco do Aprendiz, um espaço aberto para manifestações artísticas, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
O grupo trabalha junto, há quase um ano, mas a paixão pela arte vem de muito tempo. Há 3 anos, Anderson largou seu emprego numa metalúrgica e desde então, se dedica a arte de rua. Mas nem só de piadas vivem os palhaços, eles também estudam e se esforçam ao máximo para aperfeiçoar seus números, além de contar com a inspiração do dia a dia.
23 de maio de 2009
Pequenas diferenças
Apenas um oceano, nada mais separa o Brasil das diversas Áfricas. São muitos os países, os dialetos, os costumes, as crenças, mas apenas uma nação. Um único povo, que carrega no sangue a vergonha de mais de 3 séculos de escravidão e o orgulho de firmar numa terra estranha raízes tão fortes, que já não se pode diferencia-las.
É nosso dever valorizar cada detalhe da cultura e da magia desse continente, berço da humanidade. Pagar uma dívida, que pertence a todos nós brasileiros. O que mais podemos fazer por eles? Eles, que já se tornaram nós! Essa miscigenação começou nas cozinhas das casas grandes, nas senzalas e nos quilombos.
Felizmente escravizamos apenas os corpos dos africanos, seus sentimentos e vontades mantiveram-se livres. Da indiferença do branco, fizeram um motivo para permanecerem negros, afirmando a identidade um continente inteiro.
É nosso dever valorizar cada detalhe da cultura e da magia desse continente, berço da humanidade. Pagar uma dívida, que pertence a todos nós brasileiros. O que mais podemos fazer por eles? Eles, que já se tornaram nós! Essa miscigenação começou nas cozinhas das casas grandes, nas senzalas e nos quilombos.
Felizmente escravizamos apenas os corpos dos africanos, seus sentimentos e vontades mantiveram-se livres. Da indiferença do branco, fizeram um motivo para permanecerem negros, afirmando a identidade um continente inteiro.
1 de maio de 2009
Histórias versus Fronteiras
Sansakroma é um grupo contador de histórias, que ultrapassa todas as fronteiras e atravessa continentes, usando apenas a imaginação de seus ouvintes
Imagine um mundo onde toda história tivesse um final feliz e algo a nos ensinar, em que o doce som da flauta, em harmonia com os fortes acordes do violão, fizesse parte da trilha sonora de nossos aprendizados. Um lugar do sapo cantor, do cigano encantado e do africano que ama demais seu país para abandoná-lo. Não, esse mundo não existe apenas na minha imaginação, é possível vivê-lo em cada apresentação do Sansakroma.
Numa mistura de literatura, teatro, artes plásticas, dança, música e histórias, o projeto idealizado por Julio e Débora D’Zambê, leva alegria e magia a todas as crianças, não importa a idade. O próprio nome justifica essa missão, pois Sansakroma, é também o nome da ave africana que, na época do Apharteid protegia e abençoava os filhos dos refugiados.
Julio e Débora são pesquisadores da Cultura Popular e há seis anos procuram despertar a necessidade de uma reflexão por um mundo mais justo, com igualdade de oportunidades e respeito à todas as diferenças A banda nasceu do coral Cantos da Paz, extinto grupo que congregava refugiados e solicitantes de refúgio de diversos países africanos no Sesc do Carmo.
Desde então, o casal D’Zambê e os cantores africanos se propõem a disseminar uma cultura de paz e deixar o mundo mais colorido. “Queremos pegar as cores do arco-íris e coloca-las no coração de cada criança”, diz Débora.
Oitenta minutos para sonhar
Para sonhar é preciso ultrapassar fronteiras, por isso figuras tão brasileiras como Maria Bonita e um nordestino contador de histórias dividem o palco com cantos africanos e um índio que toca seu chocalho para a cigana dançar.
O Sansakroma reúne elementos culturais do Brasil, África e Cuba em suas apresentações. Aproxima lugares tão distantes geograficamente, mas com povos, costumes e culturas tão similares.O show começa sob o som da flauta que, nos lábios de Débora, arranca lágrimas de alguns espectadores e nas crianças, o efeito é de completo transe.
Enquanto isso, nas histórias de Julio, as mais mágicas criaturas ganham vida. Um sapo meio bicho-grilo adora seu violão e encanta a todos com suas canções, um pequeno cigano enfeitiçado, se torna grande por causa do amor e Romeu e Julieta vivem para contar sua história.
As fronteiras se tornam insignificantes diante de tantas manifestações culturais reunidas num só lugar. Até parece, que todos nos transportamos ao imaginário das crianças, onde só precisamos de 80 minutos e muita imaginação para percorrer o mundo.
5 de abril de 2009
O som da fome

Na sala escura do CineSesc, as imagens passam angustiosamente pela grande tela, narrando histórias reais. O andar apressado daquelas que vão em busca da única esperança, pelo menos para aquele dia. Mas, no lugar marcado a esperança encontra seu destino, a ausência do alimento. Por todo o país a alegria impera, pois é feriado de Carnaval, mas na Comunidade Santa Rita, no Estado do Ceará, o leite para as crianças não chegou. A pessoa responsável não estava disponível, talvez também estivesse comemorando a maior festa do país. Os passos de volta são mais angustiantes, pela estrada seca e deserta as mães voltam de mãos vazias.
Assim começa Garapa, documentário de José Padilha, que imagem a imagem, mostra a corriqueira luta de mais de 800 milhões de pessoas contra a própria fome. A câmera do diretor capta cada detalhe da vida dessas pessoas, humanizando as estatísticas. O barulho da colher na lata enferrujada e da garapa enchendo a mamadeira das crianças, o choro do menino com dor de dente, as moscas que já não incomodam, mesmo quando pousam sobre as feridas dos pequenos e o cigarro na mão de quem procura, desesperadamente preparar algo para matar a fome dos seus. As cenas se repetem incessantemente, todos os dias, durante anos...
No quintal, a plantação morta, o solo seco e as crianças correndo nuas. A vida dos que moram no sertão, onde a chuva quase nunca cai, se resume na busca pelo alimento. A emoção fica por conta da humildade dessas pessoas, da eterna esperança mesmo diante do nada e da mais pura inocência com que as crianças comem a garapa ou o feijão com farinha, sem conhecer outro sabor.
Garapa não aborda apenas a questão da fome, trata de todos os males, que um Estado ausente e uma sociedade hipócrita podem causar. Mostra como algumas das necessidades mais básicas, como saneamento básico e um sistema de saúde decente, não chegam a muitos lugares do país. As deficiências do nosso país estão estampadas em cada rosto que compõe o documentário, rostos sofridos e cansados de não ter alternativa, a não ser a fome.
Assim começa Garapa, documentário de José Padilha, que imagem a imagem, mostra a corriqueira luta de mais de 800 milhões de pessoas contra a própria fome. A câmera do diretor capta cada detalhe da vida dessas pessoas, humanizando as estatísticas. O barulho da colher na lata enferrujada e da garapa enchendo a mamadeira das crianças, o choro do menino com dor de dente, as moscas que já não incomodam, mesmo quando pousam sobre as feridas dos pequenos e o cigarro na mão de quem procura, desesperadamente preparar algo para matar a fome dos seus. As cenas se repetem incessantemente, todos os dias, durante anos...
No quintal, a plantação morta, o solo seco e as crianças correndo nuas. A vida dos que moram no sertão, onde a chuva quase nunca cai, se resume na busca pelo alimento. A emoção fica por conta da humildade dessas pessoas, da eterna esperança mesmo diante do nada e da mais pura inocência com que as crianças comem a garapa ou o feijão com farinha, sem conhecer outro sabor.
Garapa não aborda apenas a questão da fome, trata de todos os males, que um Estado ausente e uma sociedade hipócrita podem causar. Mostra como algumas das necessidades mais básicas, como saneamento básico e um sistema de saúde decente, não chegam a muitos lugares do país. As deficiências do nosso país estão estampadas em cada rosto que compõe o documentário, rostos sofridos e cansados de não ter alternativa, a não ser a fome.
Cenas de Garapa: http://www.revistabrasileiros.com.br/secoes/videos/noticias/705
31 de março de 2009
Além de trens e passageiros a Estação da Luz abre as portas para os amantes da música

Em pé, com as mãos sobre o teclado arriscando algumas notas, Roque Viana faz o que pede o adesivo colado nas laterais do piano, "Toque-me, sou teu". Instalado na Estação da Luz, o instrumento chama a atenção de todos que passam e atrai um grupo de apaixonados pela música, que faz da estação uma verdadeira sala de espetáculos. Sentados no banquinho, preso por um cabo de aço, eles se revesam para apresentar as músicas que mais gostam.
Entre eles, Viana é o único que não sabe tocar o instrumento, no entanto, era o que mais prestava atenção, ao som que saia de dentro da caixa de madeira. Morador da Ponte Pequena, bairro da Zona Norte da cidade, vai à Estação da Luz, todo final de semana, apenas para prestigiar a música. Observando atentamente a dança das mãos dos que tocam, ele diz que tem muita vontade de aprender, mas lamenta não ter dinheiro para as aulas. "As pessoas não tem acesso, o piano é um instrumento muito caro", diz Viana.
Há 37 anos ele saiu da Bahia e conheceu músicos como Ray Charles e Elton Jonh, só por conta do piano. "Eu cheguei em São Paulo com 17 anos e peguei os melhores anos da música, hoje só tem porcaria", conta Viana. Enquanto a música toma conta da estação, várias pessoas se aproximam para ver melhor o que acontece. Ao som de Raul Seixas, José Aparecido, mais um apaixonado por música, diz "que o piano é puro sentimento, toca a alma".
Ele acredita que o instrumento é a melhor coisa que aconteceu à Estação da Luz. A idéia de espalhar pianos em diversas regiões da cidade partiu do artista inglês Luke Jerran e faz parte da Mostra Sesc de Artes. O projeto acabou em outubro do ano passado, mas o piano continua lá, fazendo a alegria de pessoas como Viana e Aparecido.
Entre eles, Viana é o único que não sabe tocar o instrumento, no entanto, era o que mais prestava atenção, ao som que saia de dentro da caixa de madeira. Morador da Ponte Pequena, bairro da Zona Norte da cidade, vai à Estação da Luz, todo final de semana, apenas para prestigiar a música. Observando atentamente a dança das mãos dos que tocam, ele diz que tem muita vontade de aprender, mas lamenta não ter dinheiro para as aulas. "As pessoas não tem acesso, o piano é um instrumento muito caro", diz Viana.
Há 37 anos ele saiu da Bahia e conheceu músicos como Ray Charles e Elton Jonh, só por conta do piano. "Eu cheguei em São Paulo com 17 anos e peguei os melhores anos da música, hoje só tem porcaria", conta Viana. Enquanto a música toma conta da estação, várias pessoas se aproximam para ver melhor o que acontece. Ao som de Raul Seixas, José Aparecido, mais um apaixonado por música, diz "que o piano é puro sentimento, toca a alma".
Ele acredita que o instrumento é a melhor coisa que aconteceu à Estação da Luz. A idéia de espalhar pianos em diversas regiões da cidade partiu do artista inglês Luke Jerran e faz parte da Mostra Sesc de Artes. O projeto acabou em outubro do ano passado, mas o piano continua lá, fazendo a alegria de pessoas como Viana e Aparecido.
28 de março de 2009
Lixo é transformado no pão de cada dia para milhares de brasileiros
Por Anelize Gabriela
Sessenta por cento do que é produzido em alimentos no Brasil vai para o lixo. O Banco de Alimentos vem lutando para diminuir esse percentual e atende mais de 22 mil pessoas em situação de insegurança alimentar
No Brasil há nitidamente um paradoxo: o país é o quarto produtor mundial de alimentos e o sexto em subnutrição. Diariamente são desperdiçados cerca de 39 milhões de quilos de alimentos. Esse número seria suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar.
Segundo Relatório Anual da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) de 2004, o problema da fome mata uma criança a cada 5 minutos no mundo.
Com intuito de mudar esse quadro, surgiu há 10 anos, a primeira iniciativa civil do país. A ONG Banco de Alimentos, combate o problema da fome e do desperdício de alimentos e ainda promove educação e cidadania.
O trabalho é feito de três maneiras distintas e interligadas. A primeira é a ação assistencial, chamada de colheita urbana. O objetivo é buscar alimentos onde sobra e entregar onde falta. Os mantimentos são recolhidos em carros com acondicionamento e refrigeração e entregues para instituições beneficiadas pela ONG.
Os doadores são os hortifrutis, sacolões, indústrias alimentícias e supermercados. Quem recebe são os albergues, casas de apoio, asilos e creches.
Os alimentos doados são as chamadas sobras de comercialização, que é tudo aquilo que não tem valor de venda, por estar próximo da data de validade. Ou as sobras de produção, que são os alimentos que não passaram no controle de qualidade da empresa, mas que ainda está próprio para consumo, dentro da data de validade, embalado e etiquetado.
"Para que a instituição seja aceita no programa de doações de alimentos é feito um pré-cadastro. Nesse processo, é avaliado se o alimento realmente tem seu aproveitamento integral na instituição e se a mesma fornece algo além de assistência social. Ela deve gerar alguma ação educativa no local, que reinsira esses cidadãos, atingidos pela fome na sociedade", diz Aline Rissatto Teixeira, nutricionista do Banco de Alimentos.
A segunda maneira é promover ações profiláticas e educativas, através de cursos e projetos. A terceira visa expandir o conhecimento sobre má distribuição, reaproveitamento e benefícios dos alimentos, para fora das áreas circunscritas da fome. Conscientizando também aqueles que não sofrem com o problema.
"Não aproveitamos os alimentos em sua totalidade, folhas e talos vão para o lixo. Jogamos fora saúde, oportunidade de ajudar quem precisa, prejudicamos a natureza, pois mesmo um lixo orgânico quando não tratado produz chorume, contaminando o solo. Nossa missão é conscientizar da importância do respeito ao ser humano e ao meio ambiente", explica Aline.
Sessenta por cento do que é produzido em alimentos no Brasil vai para o lixo. O Banco de Alimentos vem lutando para diminuir esse percentual e atende mais de 22 mil pessoas em situação de insegurança alimentar
No Brasil há nitidamente um paradoxo: o país é o quarto produtor mundial de alimentos e o sexto em subnutrição. Diariamente são desperdiçados cerca de 39 milhões de quilos de alimentos. Esse número seria suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas: café da manhã, almoço e jantar.
Segundo Relatório Anual da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) de 2004, o problema da fome mata uma criança a cada 5 minutos no mundo.
Com intuito de mudar esse quadro, surgiu há 10 anos, a primeira iniciativa civil do país. A ONG Banco de Alimentos, combate o problema da fome e do desperdício de alimentos e ainda promove educação e cidadania.
O trabalho é feito de três maneiras distintas e interligadas. A primeira é a ação assistencial, chamada de colheita urbana. O objetivo é buscar alimentos onde sobra e entregar onde falta. Os mantimentos são recolhidos em carros com acondicionamento e refrigeração e entregues para instituições beneficiadas pela ONG.
Os doadores são os hortifrutis, sacolões, indústrias alimentícias e supermercados. Quem recebe são os albergues, casas de apoio, asilos e creches.
Os alimentos doados são as chamadas sobras de comercialização, que é tudo aquilo que não tem valor de venda, por estar próximo da data de validade. Ou as sobras de produção, que são os alimentos que não passaram no controle de qualidade da empresa, mas que ainda está próprio para consumo, dentro da data de validade, embalado e etiquetado.
"Para que a instituição seja aceita no programa de doações de alimentos é feito um pré-cadastro. Nesse processo, é avaliado se o alimento realmente tem seu aproveitamento integral na instituição e se a mesma fornece algo além de assistência social. Ela deve gerar alguma ação educativa no local, que reinsira esses cidadãos, atingidos pela fome na sociedade", diz Aline Rissatto Teixeira, nutricionista do Banco de Alimentos.
A segunda maneira é promover ações profiláticas e educativas, através de cursos e projetos. A terceira visa expandir o conhecimento sobre má distribuição, reaproveitamento e benefícios dos alimentos, para fora das áreas circunscritas da fome. Conscientizando também aqueles que não sofrem com o problema.
"Não aproveitamos os alimentos em sua totalidade, folhas e talos vão para o lixo. Jogamos fora saúde, oportunidade de ajudar quem precisa, prejudicamos a natureza, pois mesmo um lixo orgânico quando não tratado produz chorume, contaminando o solo. Nossa missão é conscientizar da importância do respeito ao ser humano e ao meio ambiente", explica Aline.
27 de março de 2009
Quando o lixo não faz o papel de lixo

Nas mãos do artesão militante as bitucas de cigarro ganham forma e nos lembram o quanto devemos cuidar do nosso planeta
Sentado no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), fazendo arte, falando e gesticulando com muita desenvoltura e entusiasmo. Esse é Antonio José da Silva, um hippie que faz da arte, fruto das suas experiências, um canal de conscientização.
Piauí, como é conhecido, sai do Jardim Alegre, Zona Norte de São Paulo e vai até a Avenida Paulista, somente com um propósito, expressar sua indignação contra o desrespeito ao meio ambiente. Nas suas obras é possível enxergar seu amor pela natureza.
Usando bitucas de cigarro, ele criou o “Troféu da Morte”. Uma espécie de globo terrestre que representa o quanto nosso planeta está poluído. Mesmo dependendo do lixo, Piauí afirma que é muito triste ver tanta sujeira, “eu uso o lixo para fazer arte, mas não queria encontrá-lo nas ruas".
A idéia de fazer um protesto contra a sujeira surgiu, quando Piauí viu uma de suas filhas, brincar com uma bituca nas areias de Cananéia, Litoral Sul de São Paulo. A partir daí, começou a reparar nas pessoas e fez uma pesquisa onde constatou, que de 100 fumantes, somente três não jogaram os restos de cigarros no chão.
“A Terra está sentindo uma coceirinha em todos os cantos, por inteiro. Por que ela é viva", diz Piauí, ao explicar as conseqüências do lixo na natureza. Para ele, o importante é atingir o maior número possível de pessoas e segundo dados da Secretária de Estado da Saúde (SES), ele tem muito a fazer.
Apenas em São Paulo, mais de 60% dos fumantes consomem ao menos 40 cigarros por dia. Levando em consideração esses números, é possível ter uma idéia de quantas bitucas esses fumantes produzem diariamente.
A intenção de Piauí, não parece ser mesmo parar de protestar. A qualquer um que se aproxime, ele fala de suas idéias e projetos, sempre deixando transparecer seu inconformismo diante de tudo que vê.
Com a quantidade de bitucas de cigarro que recolheu nas ruas, o hippie fez dois Troféus da Morte. Um foi comprado por um canadense, que o levou para seu país e o outro circula pelas alamedas e prédios da região da Avenida Paulista.
24 de março de 2009
Pedaços da felicidade...
Quero um sonho para continuar a viver e uma esperança para continuar a sonhar.
Bons amigos para não deixar de acreditar, também um grande amor para compartilhar e apenas uma casa de frente para o mar!
Bons amigos para não deixar de acreditar, também um grande amor para compartilhar e apenas uma casa de frente para o mar!
13 de fevereiro de 2009
Fazer sentido...
...sentimento, sentir o que mais posso dizer? Esse vazio não é normal, não pode ser. Você acredita no fracasso de nossas relações?O que realmente te faz viver?
Ora, a vida não é feita de verdades absolutas, fingimos fazer parte de um grupo, de uma classe, de uma sociedade. Tudo isso se torna infinitamente ridículo quando pensamos na solidão de cada um, não na ausência de pessoas, mas na falta de sentimentos.
Você sabe me explicar o que é o amor ou a amizade? Sabe descrever a experiência de chorar em um colo, de ser útil a alguém? Já experimentou, só uma vez, abrir os braços de frente para o mar e sentir o vento tocar seu rosto enquanto sussurra o que realmente faz sentido?
Apresento-lhe a vida, apresento este constante pensar na utopia, ter a alma repleta de poesia, o pensamento longe e razão e emoção em completa harmonia. Apresento o pulsar do coração, a incontrolável vontade de ser e a inefável sensação de vida correndo nas veias. É irônico pensar, que não consigo expressar em palavras a grandeza da simplicidade que me faz feliz, o melhor a fazer é nem tentar, vou vivendo e quem sabe um dia, quando o coração sossegar.
Ora, a vida não é feita de verdades absolutas, fingimos fazer parte de um grupo, de uma classe, de uma sociedade. Tudo isso se torna infinitamente ridículo quando pensamos na solidão de cada um, não na ausência de pessoas, mas na falta de sentimentos.
Você sabe me explicar o que é o amor ou a amizade? Sabe descrever a experiência de chorar em um colo, de ser útil a alguém? Já experimentou, só uma vez, abrir os braços de frente para o mar e sentir o vento tocar seu rosto enquanto sussurra o que realmente faz sentido?
Apresento-lhe a vida, apresento este constante pensar na utopia, ter a alma repleta de poesia, o pensamento longe e razão e emoção em completa harmonia. Apresento o pulsar do coração, a incontrolável vontade de ser e a inefável sensação de vida correndo nas veias. É irônico pensar, que não consigo expressar em palavras a grandeza da simplicidade que me faz feliz, o melhor a fazer é nem tentar, vou vivendo e quem sabe um dia, quando o coração sossegar.
Paradoxo
Quase não reconheço essa força que erradia a luz da esperança, ela é quase uma utopia, quase um sonho. Mas, nesse caso, quase é o mesmo que possível. Enxergo nos olhos de algumas pessoas a ternura de uma eterna criança e a serenidade de um Jesus e busco nesses olhos uma razão para não desistir, para reafirmar que esse quase é tudo, tudo o que sou capaz de fazer.
As palavras se fazem quase inexistentes diante de tanta inocência e ternura, que mesmo em face do abandono estão presentes, mesmo sob olhos tão tristes... Os sonhos foram feitos para se realizarem, o abraço para doar-se inteiramente na troca de calor e energia humanos, não quero acreditar que a humanidade tenha se esquecido disso. Não posso mais viver assim, como o vento que sopra sem rumo. Preciso encontrar meu refúgio, minha batalha, meu ideal. A humanidade se mostra tão grande, tão impensável e inatingível. Procuro agora as palavras soltas em minha mente, reorganizar meus pensamentos e conhecer meus sentimentos. Um mix de saudade, desespero, felicidade, solidão, esperança e dor.
Ah Deus, como desejo desamarrar minhas mãos, abrir meus olhos e buscar algo muito maior que isso. Será possível ler essas palavras? Consegue enxergar nas entrelinhas a divisão da minha alma? De um lado essa vontade de mudar tudo, acolher em meu coração a todos que sofrem sozinhos, do outro essa enorme saudade, que rasga o peito e faz pensar apenas em mim.
As palavras se fazem quase inexistentes diante de tanta inocência e ternura, que mesmo em face do abandono estão presentes, mesmo sob olhos tão tristes... Os sonhos foram feitos para se realizarem, o abraço para doar-se inteiramente na troca de calor e energia humanos, não quero acreditar que a humanidade tenha se esquecido disso. Não posso mais viver assim, como o vento que sopra sem rumo. Preciso encontrar meu refúgio, minha batalha, meu ideal. A humanidade se mostra tão grande, tão impensável e inatingível. Procuro agora as palavras soltas em minha mente, reorganizar meus pensamentos e conhecer meus sentimentos. Um mix de saudade, desespero, felicidade, solidão, esperança e dor.
Ah Deus, como desejo desamarrar minhas mãos, abrir meus olhos e buscar algo muito maior que isso. Será possível ler essas palavras? Consegue enxergar nas entrelinhas a divisão da minha alma? De um lado essa vontade de mudar tudo, acolher em meu coração a todos que sofrem sozinhos, do outro essa enorme saudade, que rasga o peito e faz pensar apenas em mim.
12 de fevereiro de 2009
30 de janeiro de 2009
Nesses encontros e desencontros que fazem a vida acontecer, me perco em cada esquina, em todas as noites de lua cheia, em olhares solitários e lembranças do passado. Quase não acredito nos rumos que a vida tomou, tudo parecia ser tão eterno, triste é reconhecer que eram apenas sensações juvenis.
Não posso afirmar com certeza o que sinto agora, por enquanto tudo é muito incerto. Novos rostos e velhas dores, além das inúmeras mais que aprendi a enxergar com o passar do tempo.
Não posso afirmar com certeza o que sinto agora, por enquanto tudo é muito incerto. Novos rostos e velhas dores, além das inúmeras mais que aprendi a enxergar com o passar do tempo.
27 de janeiro de 2009
Bonecos ou humanos?
Quem passou pela Avenida Paulista, nesta segunda-feira (26.01) pode conhecer Antonio Carlos Miranda e seus bonecos. Não, não se trata de nenhuma peça de fantoches ou coisa parecida, o que se deu em frente ao Parque Trianon Masp é uma demonstração das grandes contrariedades humanas. Antonio Carlos esculpiu bonecos em forma de mendigos e os deixou lá, para quem os quisesse ver. Para completar a apresentação, o poeta Sandro Maciel recitava em um alto-falante, seus poemas que também tinham como tema moradores de rua.
A movimentação não cessou enquanto artitas e bonecos estavam por lá, todos queriam ver os mendigos virtuais. O que mais chamava a atenção dos transeuntes era a semelhança dos bonecos com seres humanos, mas quantas vezes também não fingimos passar diante de bonecos?
Os artistas realmente conseguiram chocar as pessoas, mas receio que não tenham atingido seus verdadeiros objetivos. Os espectadores não perceberam o significado daquele ato e não se deram conta de quão corriqueira é essa cena. No tempo em que estive lá, apenas vi flashes de câmeras e expressões de admiração, infelizmente nenhuma reflexão. Apenas Antonio Carlos fazia questão de lembrar dos verdadeiros marginalizados.
Foi preciso uma representação para as pessoas enxergarem o real, nada como viver numa sociedade de espetáculo!
Para conhecer um pouco mais: www.casagaleria.com.br
A movimentação não cessou enquanto artitas e bonecos estavam por lá, todos queriam ver os mendigos virtuais. O que mais chamava a atenção dos transeuntes era a semelhança dos bonecos com seres humanos, mas quantas vezes também não fingimos passar diante de bonecos?
Os artistas realmente conseguiram chocar as pessoas, mas receio que não tenham atingido seus verdadeiros objetivos. Os espectadores não perceberam o significado daquele ato e não se deram conta de quão corriqueira é essa cena. No tempo em que estive lá, apenas vi flashes de câmeras e expressões de admiração, infelizmente nenhuma reflexão. Apenas Antonio Carlos fazia questão de lembrar dos verdadeiros marginalizados.
Foi preciso uma representação para as pessoas enxergarem o real, nada como viver numa sociedade de espetáculo!
Para conhecer um pouco mais: www.casagaleria.com.br
23 de janeiro de 2009
Poesia não feita
Não sei fazer poesia
Apenas admiro as pequenas coisas da vida
Assim como também o faz um poema
Que em leves palavras
Flutuando por meus ouvidos
Aliviam dores e reacendem esperanças.
Enquanto tudo acontece, na simplicidade dos seus pensamentos.
Encontro meu coração, minha beleza e meu lugar
Encontro também a reflexão
As lágrimas escorrem por algum lugar aqui dentro
Tão perdidas quanto eu
A confusão instaurada entre a vida e a entrega
Entre a estrada e o acolhimento
Ah! Senhor! O que fazer?
Como saber se estou certa ou apenas enganada pelo desejo?
Como gostaria de sentir todos os sorrisos em mim
Dissipar dores, amparar lágrimas inocentes e viver tudo em apenas uma vida
Ser tudo apenas em um templo, um espaço
Apenas admiro as pequenas coisas da vida
Assim como também o faz um poema
Que em leves palavras
Flutuando por meus ouvidos
Aliviam dores e reacendem esperanças.
Enquanto tudo acontece, na simplicidade dos seus pensamentos.
Encontro meu coração, minha beleza e meu lugar
Encontro também a reflexão
As lágrimas escorrem por algum lugar aqui dentro
Tão perdidas quanto eu
A confusão instaurada entre a vida e a entrega
Entre a estrada e o acolhimento
Ah! Senhor! O que fazer?
Como saber se estou certa ou apenas enganada pelo desejo?
Como gostaria de sentir todos os sorrisos em mim
Dissipar dores, amparar lágrimas inocentes e viver tudo em apenas uma vida
Ser tudo apenas em um templo, um espaço
7 de janeiro de 2009
Dores da Guerra
Mais uma vez o mundo está diante de mais uma selvageria. De mãos atadas assistimos o extermínio de mais uma parcela da humanidade. Mais que humanos essas pessoas são pais, mães e filhos. De novo, a outra parcela da humanidade, a parte bruta e ignorante, sacrifica a paz em favor de seus interesses. Não aprendemos nada com as lições do passado, não basta a insanidade de duas Guerras Mundiais, não chega a dor e as lágrimas dos que viram seus amados morrerem inocentemente.
Aqui do outro lado, a vida transcorre normalmente, assistimos às imagens da total destruição. É insano pensar que, a morte de 100 crianças não sensibilize, não machuque os corações dos donos do caos. Não se pode mensurar a agonia desses pais, ela não cabe em estatísticas nem fazem parte dos números dos horrores da Guerra.
Enquanto líderes mundiais se trancam em reuniões, vidas preciosas são perdidas. Não sentem que cada minuto é uma eternidade, não compreendem que não há tempo a perder e sim vidas. Quanto vale uma vida? Quanto vale um pequeno coração, que ao parar de pulsar mancha, mais uma vez, de sangue a história da humanidade?
A nós resta uma reflexão. Temos o livre arbitro, temos consciência de nossas ações e conseqüências, que nesse caso são lamentáveis e irreparáveis. A confiança em Deus justo e piedoso, talvez seja o que me leve a escrever essas palavras. De quem podemos esperar uma solução? Se o poder está nas mãos dos que causaram o problema?
Em meio ao desespero e agonia que, as lembranças das imagens me trazem, a única saída é orar, acreditar num conforto para as centenas de corações e amor para as poucas mentes que estão à frente da destruição.
Aqui do outro lado, a vida transcorre normalmente, assistimos às imagens da total destruição. É insano pensar que, a morte de 100 crianças não sensibilize, não machuque os corações dos donos do caos. Não se pode mensurar a agonia desses pais, ela não cabe em estatísticas nem fazem parte dos números dos horrores da Guerra.
Enquanto líderes mundiais se trancam em reuniões, vidas preciosas são perdidas. Não sentem que cada minuto é uma eternidade, não compreendem que não há tempo a perder e sim vidas. Quanto vale uma vida? Quanto vale um pequeno coração, que ao parar de pulsar mancha, mais uma vez, de sangue a história da humanidade?
A nós resta uma reflexão. Temos o livre arbitro, temos consciência de nossas ações e conseqüências, que nesse caso são lamentáveis e irreparáveis. A confiança em Deus justo e piedoso, talvez seja o que me leve a escrever essas palavras. De quem podemos esperar uma solução? Se o poder está nas mãos dos que causaram o problema?
Em meio ao desespero e agonia que, as lembranças das imagens me trazem, a única saída é orar, acreditar num conforto para as centenas de corações e amor para as poucas mentes que estão à frente da destruição.
4 de janeiro de 2009
Mais uma vez percebo a importância dos amigos e dos que nos querem bem. O tempo e a distâcia não apagam do coração e das lembranças os bons e maus momentos compartilhados com aqueles que deixaram marcas profundas e eternas em minha essência. Enquanto a saudade aumenta, cresce também a certeza de um mundo mais humano. Quase não acredito nesse sentimento tão forte, chego a não me reconhecer.
Dedico esses sentimentos aos antigos e novos amigos, aos que nem sempre estão por perto, aos que sempre tem um minuto para ouvir as eternas reclamações, aos que deixaram um grande vazio, que talvez um dia será preenchido. Aos que estão muito longe e aos que nunca mais voltarão. Confesso que todos fazem muita falta, as ruas já não são as mesmas, alguns dias passam sem fazer nenhum sentido, pois não encontro um lugar seguro para chorar. As velhas confidências deixaram de ser constantes, aqueles sonhos não se realizaram e algumas esperanças não resisitiram, deram lugar a uma cruel certeza de que nada é para sempre. O que escrevo nunca será o bastante para expressar o imenso vazio que esses anos deixaram. Espero, pelo menos, deixar claro que, ainda tento ser eu. Continuarei carregando palavras, canções e desejos.
Dedico esses sentimentos aos antigos e novos amigos, aos que nem sempre estão por perto, aos que sempre tem um minuto para ouvir as eternas reclamações, aos que deixaram um grande vazio, que talvez um dia será preenchido. Aos que estão muito longe e aos que nunca mais voltarão. Confesso que todos fazem muita falta, as ruas já não são as mesmas, alguns dias passam sem fazer nenhum sentido, pois não encontro um lugar seguro para chorar. As velhas confidências deixaram de ser constantes, aqueles sonhos não se realizaram e algumas esperanças não resisitiram, deram lugar a uma cruel certeza de que nada é para sempre. O que escrevo nunca será o bastante para expressar o imenso vazio que esses anos deixaram. Espero, pelo menos, deixar claro que, ainda tento ser eu. Continuarei carregando palavras, canções e desejos.
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